Capítulo 84 - Um dia maravilhoso

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Lena

Daniel fora vê-la no dia seguinte. Ele apareceu na casa da garota com uma cesta de doces, e um bicho de pelúcia.

— Nos evitamos hoje. — Contou Lena. Sentada na varanda com Daniel. Desamarrotando a camiseta rosa com coraçõezinhos estampados. — Passamos um do lado do outro no corredor da escola. Mas nem nos cumprimentamos. — Falou ela, chorosa. — Percebi ferimentos graves no rosto dele. Você teve algo a ver com aquilo?

— Nem são tão graves assim. — Respondeu Daniel, assumindo a culpa no cartório.

— Eu não te pedi para ferir ninguém ontem, Daniel. Apenas pedi para me levar até em casa.

— Ah, mas eu não feri ele ontem. Tecnicamente foi às 00h de hoje.

Lena o encarou, não achando graça nenhuma.

— Pelo visto, ele revidou. — Falou Lena, apontando para alguns dos cantos do rosto de Daniel, que se encontravam roxos.

— Eu sinto muito pelo término de vocês. — Lamentou Daniel, levantando-se e andando pela velha varanda da casa de Lena.

— Não esquenta. Só falta mais quatro dias para o fim das aulas. — Ponderou Lena, tentando diminuir o aperto no coração. — Depois todo o sofrimento vai se dissipar aos poucos. — Falou ela, não acreditando nas próprias palavras. — Hoje recebi uma carta de Harvard. Fui aceita com 100% de bolsa.

— Isso é fantástico, Lena. — Animou-se Daniel, voltando a sentar perto dela no banquinho. Encarando-a, fascinado. — Vem, vamos! — Falou ele, pegando a cestinha de doces do colo da garota e deixando em cima do local onde estava sentado segundos atrás.

— Para onde? — Perguntou ela, já de pé.

— Para um lugar especial.

— Pra quê?

— Precisamos comemorar a sua carta de alforria. — Respondeu Daniel, puxando-a degraus abaixo. Puxando-a para o seu carro estacionado em frente à residência. — Afinal, você vai para Cambridge. Para Harvard!

E quando eles, finalmente, se encontraram dentro do automóvel, Daniel deu partida.

***

Após dirigir mais ou menos dez quilômetros, Daniel parou o carro. Lena olhou pela janela, e sabia que local era aquele. O Rio Fillingston. O terceiro maior rio de toda a Carolina do Sul.

Conhecido como mar interior de Birmingham, O Rio Fillingston possui uma costa de 320 milhas e abrange cerca de 170.000 acres de terras onduladas e paisagens do vale do rio.

Há duzentos anos, um jovem herdeiro, chamado Tobias Fillingston, morava nas redondezas. O rio em questão, que se liga diretamente ao Oceano Atlântico Norte, pertenceu a sua família abastarda.

Reza a lenda que o jovem Tobias se apaixonou pela mulher do irmão. Inconsolado, ele se matou. Após declarar o seu amor a ela e não ser correspondido.

Exagerado? Bom, eram outros tempos.

— O que viemos fazer aqui? — Indagou Lena, retoricamente, quando desceram do carro, e adentraram a mata. Percorrendo o caminho ornamentado por pedrinhas até a borda do rio. — Porque se pensa que vou nadar, está muito enganado.

— Acho que não. — Respondeu Daniel, com um sorriso no rosto. — Porque é exatamente o que vamos fazer. — Retrucou-a, quando chegaram a beiradinha do rio. Achando graça.

Muito jovens costumavam ir até lá. Jovens amantes, jovens apaixonados, jovens loucos. E todos de Birmingham sabiam que aquele rio era tombado pela Prefeitura da cidade. Usado apenas para enfeite e nunca para diversão. Mas ninguém ligava. Ninguém se importava. A lei estava lá, mas ninguém a obedecia.

A  Série Stay With Me: In Love (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora