Lena
Daniel fora vê-la no dia seguinte. Ele apareceu na casa da garota com uma cesta de doces, e um bicho de pelúcia.
— Nos evitamos hoje. — Contou Lena. Sentada na varanda com Daniel. Desamarrotando a camiseta rosa com coraçõezinhos estampados. — Passamos um do lado do outro no corredor da escola. Mas nem nos cumprimentamos. — Falou ela, chorosa. — Percebi ferimentos graves no rosto dele. Você teve algo a ver com aquilo?
— Nem são tão graves assim. — Respondeu Daniel, assumindo a culpa no cartório.
— Eu não te pedi para ferir ninguém ontem, Daniel. Apenas pedi para me levar até em casa.
— Ah, mas eu não feri ele ontem. Tecnicamente foi às 00h de hoje.
Lena o encarou, não achando graça nenhuma.
— Pelo visto, ele revidou. — Falou Lena, apontando para alguns dos cantos do rosto de Daniel, que se encontravam roxos.
— Eu sinto muito pelo término de vocês. — Lamentou Daniel, levantando-se e andando pela velha varanda da casa de Lena.
— Não esquenta. Só falta mais quatro dias para o fim das aulas. — Ponderou Lena, tentando diminuir o aperto no coração. — Depois todo o sofrimento vai se dissipar aos poucos. — Falou ela, não acreditando nas próprias palavras. — Hoje recebi uma carta de Harvard. Fui aceita com 100% de bolsa.
— Isso é fantástico, Lena. — Animou-se Daniel, voltando a sentar perto dela no banquinho. Encarando-a, fascinado. — Vem, vamos! — Falou ele, pegando a cestinha de doces do colo da garota e deixando em cima do local onde estava sentado segundos atrás.
— Para onde? — Perguntou ela, já de pé.
— Para um lugar especial.
— Pra quê?
— Precisamos comemorar a sua carta de alforria. — Respondeu Daniel, puxando-a degraus abaixo. Puxando-a para o seu carro estacionado em frente à residência. — Afinal, você vai para Cambridge. Para Harvard!
E quando eles, finalmente, se encontraram dentro do automóvel, Daniel deu partida.
***
Após dirigir mais ou menos dez quilômetros, Daniel parou o carro. Lena olhou pela janela, e sabia que local era aquele. O Rio Fillingston. O terceiro maior rio de toda a Carolina do Sul.
Conhecido como mar interior de Birmingham, O Rio Fillingston possui uma costa de 320 milhas e abrange cerca de 170.000 acres de terras onduladas e paisagens do vale do rio.
Há duzentos anos, um jovem herdeiro, chamado Tobias Fillingston, morava nas redondezas. O rio em questão, que se liga diretamente ao Oceano Atlântico Norte, pertenceu a sua família abastarda.
Reza a lenda que o jovem Tobias se apaixonou pela mulher do irmão. Inconsolado, ele se matou. Após declarar o seu amor a ela e não ser correspondido.
Exagerado? Bom, eram outros tempos.
— O que viemos fazer aqui? — Indagou Lena, retoricamente, quando desceram do carro, e adentraram a mata. Percorrendo o caminho ornamentado por pedrinhas até a borda do rio. — Porque se pensa que vou nadar, está muito enganado.
— Acho que não. — Respondeu Daniel, com um sorriso no rosto. — Porque é exatamente o que vamos fazer. — Retrucou-a, quando chegaram a beiradinha do rio. Achando graça.
Muito jovens costumavam ir até lá. Jovens amantes, jovens apaixonados, jovens loucos. E todos de Birmingham sabiam que aquele rio era tombado pela Prefeitura da cidade. Usado apenas para enfeite e nunca para diversão. Mas ninguém ligava. Ninguém se importava. A lei estava lá, mas ninguém a obedecia.
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A Série Stay With Me: In Love (Livro 2)
RomansaApós sobreviverem ao tornado, Lena Gellar e Adam Craig encontram-se perdidamente apaixonados um pelo o outro. No entanto, Lena vê o relacionamento ruir quando precisa voltar a rotina escolar -, e alguns de seus colegas de sala começam a conspirar co...