37. Reencontro e Enfermaria

573 64 67
                                    

        Sirius não havia visto Crystal já que seu foco estava em Harry, mas ela olhava cada detalhe dele: seu rosto antes muito bonito estava extremamente branco e ossudo, cansado e envelhecido como ela jamais imaginara; suas roupas eram gastas e ele estava muito mais magro do que antes; e ele tinha bigode e uma barba para fazer agora. Ele era agora o completo oposto do que Crystal pensara que ele seria quando adulto: exausto, desleixado e quase doente, mas pelo menos ainda havia o mesmo brilho de sempre nos olhos cinzas.

        Num átimo, ele atravessou a sala e agarrou Harry com as mãos trêmulas.

        — Harry, você está bem? Eu sabia... Eu sabia que uma coisa assim... O que aconteceu? — perguntava enquanto guiava o menino até uma das poltronas na frente da escrivaninha do diretor. Ele nunca havia posto os olhos nela, até porque Prof. Dumbledore esteve na frente de Crystal o tempo todo... Seja de propósito ou não.

        O diretor notou o estado de choque de Crystal e a guiou para dentro da sala, fechando a porta e indo se sentar em seu lugar. O coração de Crystal estava muito acelerado e ela não sabia o que fazer, se andava ou dizia alguma coisa — apenas olhava Sirius incansavelmente. Olhando por cima dos óculos meia-lua, Alvo Dumbledore a mirou.

        — Srta. Phoenix, junte-se a nós... Parece que precisa se sentar também.

        O corpo de Sirius ficou tão tenso que ela notou de longe e ele se virou em uma velocidade impressionante para encará-la. A mão no ombro de Harry o apertou e os olhos cinzas que Crystal tanto amava a encarou com tanto espanto... E tanta raiva. Os segundos pareceram muito longos com aquela troca de olhares intensa, estavam sufocantes.

        — Você? — o sussurro de Sirius soou rouco. — Depois de todos esses anos... Como... O que você faz aqui?

        Mesmo que o tom de Sirius fosse o mais acusador possível, Crystal não conseguiu responder — mesmo que ela jamais tivesse aceitado esse tipo de tom de quem quer que fosse. Ela o encarou por poucos segundos, mas eles pareceram horas.

        — Nós... Eu... Vim para ajudar, mas...

        — Ajudar? — a voz amargurada de Sirius interrompeu a mulher, mesmo que ela mesma não conseguisse se concentrar e se interrompesse o tempo todo. Ele soltou uma risada rouca e que não carregava divertimento algum. — Acho que nunca foi de muita ajuda, não é, Phoenix?

        Alguma coisa pareceu estalar na cabeça dela e Crystal franziu a testa.

        — Por que está me tratando desse jeito? — a pergunta saiu antes que ela pudesse pensar a respeito. Sirius estava prestes a dar mais uma resposta atravessada quando Dumbledore limpou a garganta.

        — Sei que os dois devem ter muito o que esclarecer entre si, mas vamos focar nas questões de agora. — o olhar professorial de Dumbledore passou de um para outro. Crystal, sentindo uma outra onda de exaustão, se arrastou para sentar na poltrona à direita de Harry e viu Sirius dar um passo para o lado oposto, ficando de pé atrás do garoto.

        — O que aconteceu? — Sirius perguntou mais uma vez, mantendo os olhos no diretor ou no afilhado. Como que para consolá-lo, Fawkes voou pelo escritório e pousou no joelho de Harry.

        O Prof. Dumbledore explicou em vários detalhes sobre a conversa que tivera com o falso Moody — que agora Crystal sabia que se tratava na verdade de Bartô Crouch Jr. — e a mulher começou a voltar ao seu estado anestesiado. Apoiando a cabeça na poltrona macia, ela fechou os olhos e perdeu a noção da realidade. As palavras eram ouvidas de vez em nunca e com muita dificuldade, como quando se tenta sintonizar um rádio.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora