𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦, 𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌

28. O Plano de Lincoln

        Nos dois dias que seguiram o do jogo e das atitudes suspeitas de Crystal pelos corredores tarde da noite, Lincoln tentou averiguar o que havia acontecido para a garota estar saltitante. Tentou persuadir os professores para conseguir alguma informação a respeito das garotas, mas elas se mostravam apenas ótimas alunas — boas até em excesso, pensava o homem. A única coisa que ele não entendia eram os sumiços do grupo de rapazes que as acompanhavam diariamente: ele já havia notado, porém o foco dele nunca havia sido eles. Lincoln até chegara a perguntar a outros alunos a respeito dos quatro, mas também não eram coisas muito úteis: Sirius Black, o puro-sangue rebelde renegado pela família por ter ideais contrários; James Potter, o atleta puro-sangue mais arruaceiro de Hogwarts; Remus Lupin, o monitor mestiço cujo o pai trabalhava para o ministério; e Peter Pettgrew, o garoto que ninguém sabia muito a respeito e nem tinham vontade de saber.

        Eram 5 da manhã de terça-feira quando Lincoln — que havia, mais uma vez, se isolado na Torre do Relógio por conta da falta de sono graças aos seus pensamentos e frustrações — avistou o grupo dos Marotos passarem pelo Pátio Médio vindos dos terrenos da escola. Para a confusão do auror, o grupo parecia estranhamente acabado — e até mesmo machucados, mesmo que seus machucados fossem escondidos pelos próprios rapazes. Tentado pelo seu lado investigativo de auror, o homem desceu da torre onde se encontrava e passou a seguir o grupo de rapazes — que estavam tão cansados ao ponto de sequer ouvirem o farfalhar da capa de viagem colorida do auror. Andaram por longos minutos até chegar à enfermaria e, para a surpresa de Lincoln, a curandeira os esperavam. O homem se escondeu atrás de uma coluna no fim do corredor enquanto a mulher rapidamente ajudava um rapaz com cabelos castanhos claros e pele pálida a entrar e os outros seguiam atrás, tentando aparentar estarem completamente bem. Apertando os olhos em desconfiança, Lincoln se aproximou e achou a porta levemente aberta, apurando os ouvidos e espiando pela brecha que tinha para descobrir o que pudesse. Do outro lado da porta, os rapazes sentaram-se nas cadeiras e macas disponíveis ao lado da maca do rapaz de cabelos castanhos.

        — Tome isso, um pouco de açúcar vai te fazer bem. — disse Madame Pomfrey, entregando uma xícara fumegante de chocolate quente ao rapaz e desviou seus olhos rapidamente aos outros. — Eu nunca entendo como sabem exatamente quando ele irá voltar.

        — Sabemos como isso funciona, então esperamos quando o último dia está perto de acabar. — respondeu o rapaz de óculos redondos, sua voz soando extremamente cansada e seu texto decorado.

        — Hm... — a mulher não comentou mais nada, como se já estivesse acostumada a ouvir a mesma resposta sempre, e continuou a verificar o rapaz deitado na maca. — Parece mais abatido do que das vezes anteriores.

        — É, a dessa vez foi mais complicada... — respondeu o rapaz debilitado e Lincoln franziu a testa.

        O auror se afastou da porta e se pôs a pensar: vezes anteriores? A "o quê" dessa vez? Analisou as possibilidades, mas nada que fizesse sentido lhe veio a mente. Pensou, pensou e pensou mais um pouco e nada. Por fim, viu que não adivinharia do nada e que precisaria de tempo para analisar o que aqueles moleques estariam aprontando... Mas havia algo que ele podia fazer com as informações que tinha e, assim, conseguir informações realmente úteis. Com um sorriso atravessado no rosto e com um plano em mente, Lincoln se afastou tão sorrateiramente quanto se aproximou.

        Algumas poucas horas depois, os rapazes se encontravam na sala comunal da Grifinória, esparramados nos sofás e poltronas de sempre quando suas amigas apareceram. Crystal bocejara repetidas vezes entre as palavras "bom" e "dia" que saíram de sua boca e Aurora parecia ainda adormecida, enquanto Alice parecia com energia por todos do grupo. Alguns minutos depois, Lily se juntara aos amigos e também estava cheia de energia.