39. A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black

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        Crystal encarava Harry o mais assustada que os amigos dela já haviam visto, seus olhos estavam arregalados e a boca abria e fechava repetidas vezes. Alice sentiu um frio na barriga e sentia que Crystal estava o mais tensa possível.

        — Eu... Ah... — a mulher balançou a cabeça. O que faria agora?

        — Acho que devemos focar no que é importante agora, Harry. — Crystal ficou tão surpresa quanto segundos antes ao ver que Sirius era quem havia falado. Ela o olhou e aquela foi a primeira vez que ele a olhou de volta sem nenhuma raiva, mas ainda sim não havia qualquer resquício de outra coisa ali. Ele só estava a ajudando e talvez aquela fosse a maneira de se desculpar pela briga do primeiro dia no Largo Grimmauld.

        — É... Black tem razão, Harry. — a mulher de olhos âmbar se ajeitou na cadeira e suspirou, olhando para o garoto. Ele parecia irritado por não receber sua resposta, achando que mais uma vez estavam negando dizer algo que ele deveria saber. — Mas... Amanhã, se quiser, posso te contar a respeito... Na verdade, é algo que tenho que dizer mesmo.

        — Poderia aproveitar agora e já me contar. — tentou Harry. Crystal sorriu, pensando se ela própria teria tido aquela fase na adolescência. Acabou por lembrar que não havia sequer tido uma adolescência completa e que provavelmente nunca teria.

        — Poderia, mas o meu assunto é algo de muito tempo. — Harry franziu a testa, mas não disse nada. — Creio que tenha questões mais urgentes em mente, questões que esperou o mês todo para que fossem respondidas. — e ele não pode negar aquilo, deixando o assunto para outra hora.

        Apesar de parecer estar mais tranquila, Crystal se sentia perdida e ansiosa e, quando Gina foi praticamente expulsa da cozinha, ela a acompanhou para fora. Em seguida, ouviram a porta trancar e tudo se silenciar — Molly provavelmente havia lançado um feitiço para que ninguém de fora da cozinha ouvisse a conversa — e, lá dentro, a Ordem começou a esclarecer os pontos para Harry. Crystal observou Gina subir as escadas a contragosto — se despedindo dela antes — e ela mesma rumou para a sala da tapeçaria, onde ela nunca havia realmente entrado — passou a maior parte de seu tempo ali ajudando a arrumar a cozinha e os quartos.

        Aquele era o terceiro lugar em que Sirius mais passava seu tempo livre, perdendo apenas para um quarto que ela ainda não sabia o que tinha dentro e o dele próprio. Ela nunca havia perguntado sobre o quarto misterioso, afinal, nenhum dos dois se falavam — mas não podia negar que estava curiosa.

        Ela fitou os nomes, ignorando o sobrenome repetitivo: eram todos estrelas e constelações — com algumas flores no meio. Crystal conhecia aqueles nomes de cor — pelo menos, os que ela conseguia ver no céu do hemisfério norte. Passou os dedos pelos nomes, ignorando as pessoas horríveis que os carregaram e se lembrou mais uma vez do pai lhe ensinando sobre as constelações. Pensar que os pais teriam um ataque ao notar o novo sumiço deles a deixou muito mal, mas ela sabia que haviam coisas que ela tinha que fazer — e os Phoenix nunca fugiam das coisas.

        Seus dedos pousaram no nome de Sirius, onde uma queimadura havia feito sumir o rosto que deveria ter ali. Ela suspirou ao lembrar da conversa deles na noite do jantar de Slughorn, onde ele já sabia quem ela realmente era e eles falaram sobre família e estrelas. Sentia falta daquele clima bom entre eles, sentia falta dele por perto, de como a vida era mais simples quando eram adolescentes... Sentia falta de tudo. Haviam crescido — literalmente — de forma rápida e abrupta demais.

        Já fazia uns bons minutos que ela estava ali, perdida em pensamentos e com as mãos no nome de Sirius — já que aquilo era o mais próximo que conseguiria ficar dele. Um murmúrio e um barulho baixo no cômodo a deixou ciente de que não estava mais sozinha, mas ela não se deu o trabalho de verificar. Pelos resmungos, sabia exatamente quem era.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora