13. Cartas e Lobisomens

1.4K 167 52
                                    

        Faltavam apenas duas semanas para o Natal e a neve caía cada vez com mais frequência. Crystal havia ficado apenas dois dias na enfermaria, mas isso graças a sua insistência em dizer que estava bem — Madame Pomfrey havia concordado em liberá-la depois de muita conversa. Logo que saiu da enfermaria a garota percebeu que, enquanto andava pelos corredores com os amigos — e isso incluía Lily, que passara a andar mais com o grupo para a alegria de James —, era o assunto favorito dos alunos.

        — Fique tranquila. — disse Lily quando notou a irritação da mais nova amiga. — Não te dou dois dias para que eles arrumem outro assunto. — tentou animá-la.

        A parte boa era que a garota estava certa. Já a ruim era que nem todos esqueceram. Os jogadores da Sonserina faziam questão de soltar piadas quando estavam por perto. O garoto com quem Sirius havia discutido parecia mais contente quando percebia que o rapaz se irritava com a situação e este, por sua vez, se irritava mais com o contentamento do primeiro.

        Ninguém podia negar que as coisas não eram exatamente as mesmas de antes do jogo: Sirius e Crystal pareciam menos antipáticos um com o outro; James e Lily eram vistos muitas vezes conversando pelos corredores normalmente; e até Alex estava mais afastado do grupo. Os outros continuavam os mesmos.

        Com a aproximação das festas de final de ano, as refeições se tornavam mais movimentadas do que de costume. Centenas de corujas de todas as cores e tamanhos possíveis entravam e saíam a todo momento do grande salão. Crystal notara que Alex ficava um pouco triste quando via os amigos e colegas receberem várias cartas dos pais. Isso a fazia recordar como haviam parado ali — as vezes era difícil distinguir o real do fictício. Ela mesma, a garota que lembrava-se de parte da história, as vezes esquecia o que aquilo realmente era: uma história.

        — A-ha! — exclamou James animadamente ao ver a coruja de seus pais. Com toda certeza ele é o mais contente de todos aqui, pensou Crystal sorrindo. A alegria do amigo era algo contagiante.

        O rapaz de cabelos bagunçado enviava e recebia mais cartas do que todos do grupo; Remus era o segundo com mais correspondências; e Peter ficava em terceiro. Já Sirius parecia competir secretamente com as meninas sobre quem recebia menos. Todos os dias e em todas as refeições, as garotas percebiam que Sirius nunca recebia cartas — a não ser do Sr. e da Sra. Potter.

        — Você vai ser um  bom amigo e nos dizer de uma vez por todas o que está aprontando? — Aurora perguntou como de costume desde que o amigo havia dito para não colocarem o nome na lista de quem ficaria na escola nas festas de fim de ano.

        — Você será uma ótima amiga se tiver paciência. — o rapaz sorriu e, deixando o café da manhã de lado, abriu espaço na mesa para escrever a resposta aos pais. Sirius, como sempre, pegou a carta e começou a ler.

        O dia se seguiu o mesmo depois do café: Aurora de cara feia com James até o segundo tempo de aula; cochichos sobre assuntos diversos durante a segunda aula; barulho de lacres e bateres de asas durante o almoço...

        O grupo de amigos conversava animadamente — com exceção de James e Lily que não estavam presentes, pois o rapaz havia prometido ajudá-la a pegar alguns livros na biblioteca para que ela o ajudasse com um dever — quando Alex apareceu à mesa:

        — Preciso falar com você. — disse o menino para a irmã.

        — E o "oi" para as pessoas, esqueceu na sua sala comunal? — perguntou Crystal de volta, apontando para os amigos.

        O menino olhou para o grupo, demorou-se nos rapazes presentes e disse às garotas:

        — Olá. Agora pode vir? — disse novamente à irmã antes de rumar em direção à saída do salão. A garota fitou Alice com cara de interrogação antes de seguir o menino.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora