𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦, 𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌

12. O Balaço

        O dia do jogo de Quadribol havia chegado. As garotas da Grifinória acordaram cedo para tomar café — não queriam estar com a barriga muito cheia quando entrassem em campo — e encontraram os Marotos já sentados no lugar de costume.

        — Bom dia. — disse James, pensando que o jogo tivesse deixado as garotas menos nervosas com eles.

        Pensou errado. As garotas apenas acenaram com a cabeça — com exceção de Crystal que apenas observou a cena. Estava prestes a abrir a boca para se pronunciar quando Dora e Alex apareceram na mesa.

        — Bom dia, meninas. — disse Dora, sorrindo. Sobre seus cabelos roxos havia um gorro de tricô vermelho com um grande G amarelo. — Fiz ontem. — apontou. — Estaremos torcendo por vocês.

        — Pensei que fossem torcer apenas para a Casa de vocês. — comentou Alice enquanto Aurora abraçava a irmã e agradecia.

        — Nos dias que nossas Casas enfrentarem a de vocês, torceremos mesmo. — afirmou Alex dando uma leve risada. — Boa sorte. — piscou para a irmã que sorriu de volta. A garota estendeu a mão e o menino bateu.

        Apesar de Crystal estar se sentindo bem pelo jogo, o clima entre os amigos a incomodava — e não só a ela. Alice também parecia extremamente desconfortável apesar da cara feia para os Marotos.

        — Ok, já chega. — falou de repente, interrompendo as amigas e atraindo a atenção dos rapazes. Apoiou os cotovelos sobre a mesa e se virou para eles antes de voltar a falar. — Não vou fingir que não fizeram nada, nem que aquilo foi apenas uma brincadeira, mas vocês já estão grandes o suficiente para saber que foi errado. Não sou e não vou dar uma de mãe de vocês. — virou-se para as amigas e o irmão. — Podem agir como quiserem com eles, mas levem em conta o que disse. Não adianta ficar com essas caras para sempre. Se eles fizerem de novo, vão fazer e não vai ser isso que vai impedir.

        O grupo ficou parado um tempo olhando a garota. Suas amigas e seu irmão pareciam refletir, já os garotos pareciam ansiosos.

        — Concordo. Com tudo. — disse Alice por fim. Os garotos só faltaram pular de alegria.

        — Vocês não vão nos ver fazendo isso novamente. — disse James. — Prometo.

        — É, eu sei... — comentou Crystal, mas não porque realmente acreditasse naquilo. As vezes temos que levar o que eles dizem ao pé da letra, pensou.

        Pelas onze horas, todos os alunos se encontravam distribuídos pelas arquibancadas. O campo estava coberto por uma grossa camada de geada e os morros ao redor da escola iam de branco à cinza-gelo. O frio era o que mais estava incomodando as garotas que, apesar de estarem acostumadas com frio do Reino Unido, não achavam que a roupa de Quadribol era quente o suficiente.

        — Relembrando a estratégia, pessoal. — começou Sirius. — Manteremos o jogo mais baixo para James poder olhar mais de cima sem o risco de ser atingido. — disse às artilheiras. — Alice, olho na goles. — a amiga piscou. — E você, olho no pomo.

        — Até parece que você é o Capitão aqui. — brincou o amigo. — Bem, ele já lembrou de tudo. Vamos lá!

        O grupo seguiu James na saída do vestiário e entrou em campo debaixo de vivas. Madame Hooch, com sua vassoura na mão, esperava no centro do campo pelos times. Ao chegarem lá, avistaram um grupo de verde se aproximar. O garoto com quem Sirius havia conversado no corredor dias antes estava entre os jogadores.

        — Lembrem-se, meninos. Jogo limpo. — disse a Professora quando todos estavam a sua volta.

        Crystal segurou a vassoura com mais força quando Madame Hooch apitou e a partida começou. As quinze vassouras foram ao ar e a goles foi direto para as mãos adversárias.