Crystal esperou.
Esperou, esperou e esperou...
Ninguém apareceu no chalé.
O tempo se arrastou dolorosamente. Quando fazia quase três meses desde o casamento, Crystal ainda não tinha novidades de absolutamente ninguém. Seus únicos confortos era saber que os filhos estavam à salvo e a companhia de Lesath e Pelúcio — Alex, que havia ficado no chalé um tempo enquanto Crystal estava n'A Toca, devia ter levado seu amasso consigo e o deixado protegido ali para o casamento.
Talvez seu irmão tivesse pressentido algo para ter o deixado ali... Enquanto ela não havia visto nada.
Sentiu raiva — muita raiva — daquilo. Suas visões lhe tiravam o sono e eram sempre agourentas, além de nunca servirem para nada. Por que não havia visto aquilo, então? Por que, sempre que precisava, nada vinha? Será que ela não estava se esforçando o suficiente?
Presa em seus pensamentos, Crystal passava o dia parada ao lado da janela, ninando os filhos que estavam mais inquietos do que nunca após o incidente. Lesath acompanhava sua vigília do lado de fora, o chalé muito pequeno para que ele ficasse lá dentro sem esbarrar em nada. A única exceção foi das vezes que Crystal precisou ir à vila trouxa mais próxima para reabastecer os armários e geladeira: apesar de odiar a ideia de deixar os filhos na casa, mesmo que com vigias e por apenas alguns minutos, precisou fazer aquilo poucas vezes e seu coração apertado desceu ao estômago.
Não demorou mais do que vinte minutos, tentando não atrair nenhum olhar suspeito apesar de sua pressa anormal para o pequeno lugar. Comprou tudo que precisava e, após estar escondida o suficiente, aparatou de volta para os limites de sua casa.
Correu para dentro, o medo constante de ser encontrada sempre em seus ombros, e suspirou aliviada ao encarar Lesath encarando-a do pé da escada. Largou as compras de qualquer forma sobre o balcão na minúscula cozinha e subiu para verificar os gêmeos, que cochilavam rodeados de travesseiros sobre a cama de casal com Pelúcio deitado ao lado. O felino ronronou ao vê-la e voltou a olhar os dois atentamente.
Voltando ao térreo, Crystal abriu a porta para o cão — que agradeceu com algumas lambidas — antes de rumar para guardar as coisas. Mal havia tirado os ovos da sacola marrom e colocado a caixa sobre o espaço vago no balcão quando ouviu um som abafado: um dos feitiços de proteção anunciava a chegada de alguém. Crystal teve tempo apenas de sacar a varinha e virar 180° antes de alguém abrir a porta.
Ao não reconhecer o homem franzino e grisalho parado à porta, quase o atacou — "atacar primeiro, perguntar depois" era seu novo mantra. A companhia de um Lesath tão feliz, porém, a parou no mesmo instante e ela observou quando a fisionomia do homem mudou: o corpo ganhou mais forma, o rosto rejuvenesceu e os cabelos se tornaram pretos; os olhos cinzas pareceram se iluminar ao localizá-la no recinto.
Sirius estava ali... Estava finalmente ali.
Crystal correu para seus braços como nunca havia corrido na vida, chocando-se contra o noivo e o fazendo cambalear para trás. Não sabia quando começou a chorar, mas sentiu o rosto molhado quando o afundou no pescoço de Sirius. Ele a segurou o mais firme que podia, levando as mãos da cintura da mulher para os cabelos e de lá para as costas ou para onde pudesse tocar.
— Está tudo bem... Estou em casa... Está tudo bem...
Bem, ele realmente estava em casa, mas isso não significava que Crystal simplesmente o deixaria sair daquele abraço tão cedo. Apenas se separaram após muitas afirmações de que estava bem — e também porque começava a chover e Lesath chorava do lado de fora para entrar.
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𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦, 𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌
Fanfiction" NÓS SEMPRE TERMINAMOS UMA CONVERSA OLHANDO PARA AS ESTRELAS " ᖽ ᴍᴜᴛᴀᴛɪꜱ ᴍᴜᴛᴀɴᴅɪꜱ ᖾ Como seria se você se visse, depois de um estranho acontecimento, dentro de sua história favorita? E se você acabasse nessa junto com mais quatro pessoas...