42. Visões

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        Sirius inspirou profundamente antes de abrir os olhos. Um fio de luz conseguia passar por entre as cortinas de veludo e iluminava partículas de poeira em suspensão em seu quarto. Ele tentou mover-se, mas se lembrou de que Crystal dormia abraçada a si quando ela aninhou mais a cabeça em seu peito. Fitando-a, ele sorriu e segurou a mão dela que pousava em seu peito: nada daquilo havia sido um sonho, Crystal estava realmente ali. Respirava tranquilamente e tinha a pele mais macia do que ele se lembrava. Sirius poderia passar o resto do dia a observando daquele jeito.

        Seus devaneios foram interrompidos por batidas apressadas na porta e a voz de Remus:
       
        — Sirius! Sirius, acho que temos um problema!

        Era só o que faltava, ele pensou. Com cuidado, Sirius se desvencilhou de Crystal e procurou suas roupas enquanto ela virava para o lado oposto e continuava a dormir. Colocando a calça e o roupão preto jogado perto de uma poltrona ao lado da janela. Cobriu melhor Crystal e correu para a porta — pois Lupin não parava de bater —, abrindo-a o suficiente para ver o amigo.

        — O que houve? — perguntou Sirius, amarrando o roupão. Remus estava com o rosto pálido e respirava rapidamente, provavelmente por ter subido as escadarias correndo.

        — Parece que Crystal sumiu de nov...

        Mas a frase morreu no instante em que Lupin avistou, sobre o ombro do amigo, Crystal deitada na cama. Sirius limpou a garganta e ficou na frente da visão de Remus, que soltou uma risada baixa.

        — Você estava dizendo...

        — Idiota. — Remus riu de novo e Sirius sorriu. — Vai me dizer que dessa vez nada aconteceu como no sexto ano?

        — Jamais diria isso, não sou um mentiroso.

        — Não, só um cafajeste... Ou pelo menos era. Parece que ela realmente adestrou você, estou gostando de ver. — Remus sorriu quando o amigo rolou os olhos. — Eu vou avisar os outros... Alice ficou realmente assustada dessa vez e Alex está... Bem, uma pilha de nervos.

        — Alex chegou? — indagou Sirius, apoiando-se no batente.

        — E quer ver a irmã mais do que qualquer coisa... Não parece nada tranquilo. — avisou. — Vou avisar os outros que... Bem, que Crystal está na casa.

        — E muito bem acompanhada no momento. — completou Sirius com um sorriso.

        — Vá se ferrar, Almofadinhas. Sabe... — murmurou Lupin parado ao lado da escada e com um meio sorriso. — Estou realmente feliz que finalmente se acertaram... Estava mais do que na hora! — exclamou, descendo alguns degraus. — Agora só falta vocês dois se casarem.

        — Quem sabe um dia. — brincou Sirius e ambos rumaram em direções diferentes.

        Novamente dentro do quarto e com a porta trancada, Sirius deu a volta na cama novamente e se deitou. Aproximando-se de Crystal e tirando a coberta que havia jogado sobre os ombros dela, ele beijou um dos ombros e observou quando ela se mexeu e deitou de barriga para cima. No quarto ainda pouco iluminado, Crystal forçou os olhos a abrirem e lutou para mantê-los assim.

        — Bom dia. — desejou Sirius.

        Ela virou o rosto para olhá-lo: os cabelos negros estavam um pouco bagunçado e vestia um roupão preto que permitia que visse algumas das tatuagens por debaixo; além disso, o pouco sol conseguia iluminar os olhos de Sirius de um jeito que eles pareciam prateados. Crystal sorriu para ele e se espreguiçou ainda deitada.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora