46. Preocupações

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        Levar Harry para a rua dos Alfeneiros, número 4, no dia seguinte aos julgamentos havia sido a coisa mais apaziguadora para o espírito de Crystal desde a volta dela e dos outros àquele mundo. Ver as expressões de horror nos rostos de Válter e Pétunia Dursley quando os até então procurados Sirius Black e Crystal Phoenix apareceram em sua porta era terapêutico.

        — Olá, Pétunia! — cumprimentou Sirius com um sorriso no rosto antes de se virar para Válter. Harry, parado entre os dois, se segurou para não rir com o choque no rosto da tia. — Creio que não conheço o senhor pessoalmente ainda.

        — Quem... O que...

        — Você... — murmurou Pétunia. — O que faz aqui?

        — Quer que eu chame a polícia, querida? — indagou o homem de rosto redondo e avermelhado, agitado pelos dois parados com Harry e olhando da mulher para eles e deles para a rua.

        — Se não quer que ninguém nos veja, sugiro que nos deixe entrar, Válter. — sugeriu Crystal, o rosto impassível.

        — Não! Podem dar o fora daqui! — exclamou o Dursley. — Dêem o fora antes que eu chame a polícia!

        — Caso tenha se esquecido, já escapei deles. — cantarolou Sirius. — Assim como minha noiva aqui.

        — E acho que você não entendeu, Dursley... — Crystal deu dois passos na direção do homem, que deu três para trás com a esposa. — Eu sugeri que nos deixasse entrar como manda a etiqueta, não significa que não vamos entrar de qualquer forma. Afinal, temos coisas a tratar.

        E, sem mais uma palavra, Crystal passou pela porta de entrada acompanhada de Harry e Sirius, deixando os Dursley pregados um de cada lado do batente. Um estrondo vindo da sala no segundo seguinte foi o que os tirou do estado de choque: Duda, na tentativa de não ser pego espiando, havia corrido e tropeçado na mesa de centro. Um dos cantos dos lábios de Crystal dobrou levemente para cima enquanto Sirius limpava a garganta após soltar uma risada sem querer. Harry não sabia se estava se divertindo ou se estava apreensivo com a situação.

        — Vocês tem a coragem de aparecer aqui e invadir a nossa casa! — exclamou Pétunia, ainda checando o filho chorão. — Ainda mais você! — apontou para Sirius. — Você, o responsável pela morte dos pais del...

        — Calada. — rosnou Crystal e a mulher arregalou os olhos, apertando o filho nos braços finos. — Até onde sei, você nunca se importou, Pétunia. Como ela chamava nossos amigos mesmo? — perguntou para Sirius. — Ah, sim, "aberrações". Então não me venha com esse papo como se se importasse. — o tom ácido de Crystal contrastava com o que seus sentimentos diziam. Lá no fundo, ela sabia que Pétunia sentia muita falta da irmã.

        — E eram, assim como cada um de vocês! — gritou Válter, extremamente vermelho. — Então, olhe como fala com a minha mulher, aberração!

        — E você como fala da minha, Dursley. — o tom ameaçador de Sirius fez Duda choramingar. — Vamos direto ao assunto: sabemos muito bem como tratam Harry nessa... — o bruxo olhou ao redor. A atmosfera daquele lugar lhe lembrava o Largo. — Nessa casa, para todos os efeitos. Gostaríamos de lembrá-los que não iremos tolerar que continuem tratando ele assim.

        — Se tivermos a menor suspeita de que Harry foi maltratado de qualquer forma, terão que se ver conosco... — Crystal arrumou a gola do casaco preto e longo que usava antes de cruzar os braços. O tom cortante e seco dela fazia um ótimo contraste com o falso cavalheirismo e bondade de Sirius. — E acredite quando digo que nós somos apenas dois de algumas pessoas que aparecerão para prestar contas.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora