29. Os Motivos de Lincoln

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        Remus havia ficado paralisado assim que ouviu a voz irritante de Lincoln e viu o auror aparecer à pouco mais de um metro e meio de distância dele. Nunca, em todos os seus seis anos em Hogwarts, o rapaz havia pensado que estaria em uma situação como aquela: com amigos literalmente de outro mundo tendo seus segredos descobertos por um auror maluco que desejava provar seu ponto mais do que qualquer outra coisa — ameaçando, inclusive, um de seus mais novos amigos se fosse preciso. É claro que ele chegou a pensar que uma hora ou outra o americano acabaria descobrindo algo sobre os "estrangeiros", mas jamais imaginou que seria naquelas circunstâncias — e muito menos que descobriria o seu segredo também. Um pouco mais atrás estava James, parado entre Aurora e Sirius, olhando Crystal e o melhor amigo com muita atenção: a garota estava pálida observando cada movimento que o irmão fazia enquanto o namorado da mesma estava levemente vermelho por conta raiva que sentia do homem com o sorriso bizarro. Dora estava logo atrás da irmã com Peter à sua direita, ambos extremamente chocados.

        — Essa é realmente uma situação no mínimo inusitada... — murmurou o auror enquanto empurrava Alex e se aproximava aos poucos do grupo de alunos. — Um bando de alunos infratores fora de suas camas e conversando sobre outros mundos e lobisomens... Adoraria ouvir mais destas histórias.

        Aurora não havia reparado quando parou de respirar, mas ficou segurando o ar em seus pulmões até que a sensação ficou insuportável. Sentiu as mãos úmidas por suor e o calor sumir do rosto, quase cambaleando quando a verdade finalmente pareceu lhe atingir: aquilo estava mesmo acontecendo. Ela não acreditava no quão descuidados ela, a irmã e Remus haviam sido ao comentar aquelas coisas em alto e bom som no meio do corredor. A garota atreveu se mover apenas o suficiente para olhar para Crystal que mantinha seus olhos âmbar cravados no irmão, parecendo manter uma conversa silenciosa com o menino assustado.

       — Ora, vamos, não tenham medo. Me contem a história. — disse Lincoln ainda com seu sorriso estranho no rosto. Quando o silêncio se estendeu, o homem perdeu a paciência e fechou a cara em uma carranca. — Me contem a história! — gritou e colou a varinha na têmpora de Alex. Apesar de Dora ter pulado de susto, manteve-se firme e esperou que alguém naquela escola houvesse escutado o homem descontrolado. Nunca havia desejado tanto ser encontrada por Filch ou sua gata.

        Crystal, vendo o auror perder a paciência e ameaça seu irmão com mais agressividade, sacou rapidamente sua varinha e apontou para o homem de capa de viagem azul. Suas feições normalmente bonitas pareciam agora contorcidas de raiva e a iluminação vinda das tochas do corredor fazia com que seu rosto ficasse ainda mais assustador. Eu não gostaria de estar na pele daquele cara, pensou Peter enquanto observava a amiga. Lincoln virou o corpo de Alex rapidamente na direção da garota e estreitou os olhos quase como se a desafiasse.

        — Você não seria tão estúpida ao ponto de tentar me atingir. — o auror soltou uma risada rouca e seca e se abaixou perto da cabeça do menino com seu sorriso estranho novamente no rosto. A cena ficou extremamente bizarra do ponto de vista de Crystal, pois o auror parecia quase deformado tentando se esconder atrás do corpo da criança. — Mas acho que é bom lembrar que o seu irmãozinho aqui é quem sofreria as consequências de sua estupidez.

        Suspirando para manter a calma — ainda sem abaixar a varinha ou largar a postura combativa — a garota se preparou para atacá-lo com palavras ácidas, mas suas palavras voltaram para sua garganta quando Lupin a cortou:

        — O único que vejo fazendo algo estúpido aqui é você, senhor Moore... Afinal, não é ela quem está com a varinha colada na cabeça de um aluno.

        — Calado! — vociferou e fitou Remus com uma expressão de desgosto. — Não te dei ouvidos antes, não sei o que lhe faria pensar que seria diferente agora, monitor... Principalmente agora que sei o quê você é. — os amigos de Lupin fecharam os punhos e soltaram exclamações nada agradáveis ao homem. — Calados! Todos vocês, calados! — Lincoln voltou a apertar Alex, que fechou os olhos por um segundo. — Vocês, comecem a se explicar. — ordenou, apontando momentaneamente a varinha para os viajantes de outro tempo.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora