Capítulo 50

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   A preguiça me impedia de abrir os olhos.

     Antes de pegar no sono ontem a noite,  Lena havia dito que o seu celular iria despertar, já que minha preocupação era não me atrasar para o trabalho. Mas pelo visto, ainda era cedo já que eu não ouvi o barulho do aparelho. Me encontrava confortável demais para querer me mover ou levantar, e aos poucos, quase voltava a dormir novamente, despreocupada e cheia de sono. Mesmo ouvindo o som dos pássaros e sabendo que deveria levantar e tentar parecer o mais apresentável possível, ficar naquela cama parecia uma idéia tentadora.

     Aos poucos, as cenas da noite de ontem se destacavam em minha cabeça e eu sequer sabia exatamente o que pensar. As coisas em que estava sentindo se tornaram predominantes, e a razão não estava em questão no momento. Ainda me sentia extasiada. O frio na minha barriga,  a vontade de esmurrar o travesseiro com a vergonha e meus sorrisos bobos com um motivo óbvio, mas que eu fingia não ter. Tudo isso parecia ainda mais intensos com a lembrança. E mesmo achando estranho, e estar totalmente perdida, aquilo não deixava de me trazer uma sensação agradável.

 

   Sorri apertando mais forte o travesseiro, buscando focar em outras coisas para cair no sono, mas eu não conseguia. Harry estava ali, insistentemente martelando em minha cabeça. Mentalizei meus afazeres do dia de hoje, busquei voar par qualquer outra coisa, mas de nada adiantou.

   De repente, em um movimento rápido em que eu sequer consegui responder, meu corpo foi empurrado ao chão me fazendo abrir os olhos completamente assustada. Meu bumbum estava doendo e a forma na qual eu usei meu punho para aliviar a queda, me fez sentir uma pequena e leve torção. Doeu. Olhei para cima rapidamente, confusa. Marina estava sentada com seus cabelos um pouco bagunçados e uma feição mal humorada. Olhei para o quanto a minha volta, e logo depois para ela, tentando compreender o que exatamente aconteceu.

— Aiii!!! Por que você me derrubou da cama? — a olhei indignada, levando minha até minha bunda — Machucou.

  Fiz um bico de desgosto, baixando meus ombros.  Ele revirou os olhos afastando o cobertor do corpo, apontando para os pés cobertos por uma meia preta.

— Eu prefiro  acreditar que você não é tão burra, e sabe a diferença entre um travesseiro e meu pé! — ela bufou, parecendo óbvia.

  Me apoiei sobre a cama para me levantar, reprimindo um xingamento.  Eu realmente estava  abraçando os pés de Marina, mas não é algo em que eu faria de propósito se tivesse consciência. Pensei que era o travesseiro. Estava fofinho demais envolto do cobertor, como iria adivinhar? Assim que voltei a me sentar a beira da cama, olhei bem para meu pulso. Minhas mãos já ficavam dormentes as vezes de tanto que eu ficava teclando naquele notebook, não precisava de dor pra dificultar meu trabalho. Mas pelo visto, não havia sido nada demais.

   Virei meu corpo a olhando.

— Desculpa, não havia notado seu pé.  Mas  precisava me empurrar ? — perguntei erguendo as sobrancelhas.

  Marina  da de ombros, se ajeitando sobre a cama despreocupadamente, desviando seus olhos para o outro lado do quarto.

— Não, não precisava. Mas é algo que eu fiz porque quis. — ela estica seu corpo, bocejando. — Minha cama, minhas regras.

  Que ridícula!  Iria retrucar na mesma hora, mas apenas mordi meus lábios me segurando para não dizer besteira, não queria acabar com meu bom humor. Não queria confusão, ainda mais quando Lena me tratou tão bem e que estava dormindo em sua casa após uma irresponsabilidade minha e de Gemma.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora