Capítulo 36

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— É muito normal erros acontecerem Willou, não se sinta tão ruim com isso. — Miguel caminhava ao meu lado com suas mãos nos bolsos e um sorriso largo. — Eu também acabei cometendo mal entendidos como esse.

— Como...?

  Sabia que ele estava apenas tentando me consolar. Mas o que eu fiz, era insuperável.  Quando entramos no ônibus de volta para casa, ele estava um pouco mais cheio. Miguel conseguiu achar um acento e pediu para que eu me sentasse, mas assim que vi uma mulher gestante pedi para mesma se sentar já que ela parecia cansada. Ela me olhou feio e foi para o fundo do ônibus e eu fiquei sem entender nada. Miguel me fez sentar novamente e começou a rir. Minutos depois ele me explicou que ela não estava grávida. Desci do ônibus quase enfiando minha cabeça em um bueiro. Queria morrer, estava completamente envergonhada. A mulher deveria estar com tanto ódio de mim e eu não julgava. Fui uma completa idiota.

— Fui voluntário na área de enfermaria, havia uma campanha de doação de sangue e eu fiquei encarregado do atendimento. Quando uma moça estava entrando, avisei que o pai dela deveria esperar e que ela deveria entrar sozinha. — Miguel balança a cabeça rindo parecendo se lembrar da cena, e eu logo o encarei confusa. Assim que ele notou minha lerdeza, suspirou.  — Ele não era o pai dela Willou, era o marido!

   Coloquei a mão na boca surpresa, soltando uma risada, não podendo conter o quão eu me identifiquei e conclui que provavelmente iria cometer o mesmo erro. Imaginar a cena me deixava completamente envergonhada por Miguel e eu não brincava.

— O que o homem disse?

  Miguel limpa a garganta e logo arruma a pose.

— "Vou apenas acompanhar minha esposa" — ele engrossou a voz.

— Céus, que constrangedor. — levei a mão a testa.

— Nunca mais deduzi parentesco. Ou é senhor e senhora, ou pelo nome. O que eles acham melhor, é o que faço. — Miguel explica.

    E ele estava mais do que certo.

— Não é a segunda vez que faço isso Miguel, confundir barriguinhas. Me sinto péssima. — suspirei passando a mão por meu cabelo. — Vou parar de deduzir as coisas também.

   Ele balança a cabeça baixando seu rosto. Miguel estava com seus cabelos bagunçados e parecia mais jovem. Ele era mais bonito sorridente.  Apesar do acontecido no ônibus, me sentia feliz também, tranquila. Passear com ele, foi a melhor coisa que fiz.

    Voltei  a encarar o caminho e a alguns passos já estávamos a frente da casa de Anne.  Já estaria em casa e eu sentia uma pequena tristeza.

 
   Estava leve demais. A tarde que passei com Miguel foi muito melhor do que eu estava esperando. Havia simplesmente desligado meus pensamentos e apenas mantive minha atenção ao que acontecia ali.  Mesmo que nada saiu exatamente como nós planejamos, eu gostei. Não jantamos na casa de Miguel e nem cozinhamos juntos. Ele não me mostrou o que disse que queria e não conversamos mais sobre o " passado" do mesmo. Foi muito melhor.  Havia me molhado toda ao tentar conter o cano que havia estourado e passamos quase todo nosso tempo na escola, limpando a bagunça do cinema. Não foi ruim, foi divertido. Saber como era as pessoas em que Miguel permitiu ficar ao seu lado, me fazia conhecer um pouco mais a ele. E todos eram incríveis.

     A mãe de Dana nos convidou para jantar e antes eu pude conhecer a casa de Miguel. Um pouco bagunçada, com algumas roupas jogadas, mas nada de tão anti higiênico. O apartamento tinha o cheiro do perfume dele. Era um lugar iluminado e bom de se estar. Havia um armário cheio de bebidas, algo que me chamou a atenção, mas não dei tanta importância assim ao fígado alheio. Ele tinha muitos livros espalhados pela casa, papéis e cartolinas. Ele estudava muito. Ele correu para organizar tudo, mas sequer ficamos ali.  Dana me emprestou uma de suas calças e eu pude roubar uma das camisas de Miguel que, aparentemente não se importou muito. Meu cabelo ainda estava molhado e eu precisava urgentemente de um banho.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora