Harry ainda estava ao meu lado.
Nunca pensei que não fazer nada era tão difícil, quando sentia que queria fazer de tudo para ajudar. Ver Harry hiperventilando, claramente tendo algum tipo de ataque, e ter que ficar parada foi assustador. Ficar em silencio era tudo que ele pediu que eu fizesse, e eu me esforcei ao máximo para não dizer uma vogal sequer. Mas foi tão difícil. Me encolhi no banco de frente para ele, observando cada movimento atentamente. Mesmo com meus pensamentos ligados nos duzentos e vinte, ignorei cada um deles que me mandavam pedir ajuda, tagarelar ou sair do carro. Mesmo perdida e preocupada, preferia confiar em Harry. A forma na qual ele agiu, indicou que algo parecido já havia acontecido.
Não sabia quanto tempo havia se passado desde que ele estacionou, mas era bastante. O silencio no carro só era quebrado quando algum grupo de jovens, vez ou outra entrava na lanchonete.
Enquanto me aconchegava quieta, sem fazer um movimento sequer, o homem ao meu lado estava calmo. Sua respiração antes ofegante, estava agora normal. Seus dedos antes inquietos, agora se mantinham firmes no volante. Sua cabeça ainda estava baixa, olhos fechados e lábios aparentemente secos. Seus sintomas, a forma na qual ele parecia querer controlar seu nervosismo me fez lembrar realmente a crise de ansiedade que, a filha do ex patrão de meu pai, sofria. Ela tinha crises constantemente, e me lembrava que a mesma dizia que ela, a crise, chegava sem exatamente um motivo aparente. Podia me lembrar que a moça odiava sentir aquilo. Será que Harry passava pela mesma doença?
Não me importava em ficar aqui, paradinha até que ele se sentisse realmente bem para falar. Mas tudo que eu precisava era ouvir ele falar. Mostrar seu mau humor me faria ver que as coisas estavam "normalmente bem". E eu nunca esperei tanto por uma grosseria de Harry como agora.
O toque do que parecia ser o celular de Harry nos assustou um pouco, mas o som foi o suficiente para que ele finalmente deixasse seu rosto mais visível. Analisei cada traço tendo a certeza de que tudo estava bem, e sim, ele continuava bonito. Mordi meus lábios me arrumando sobre o banco, assim que ele atendeu o aparelho.
— Estou um pouco ocupado, nos falamos quando eu chegar em casa. - a voz dele saiu calma.
A ligação não durou nem sequer um minuto. Ele desligou e jogou o celular no banco de trás.
Com as duas mãos Harry passou esfregou o rosto, respirando fundo antes de soltar totalmente o ar de seus pulmões, jogando também seus ombros para trás. Ele sequer olhou para mim e agora, pensando bem, estar olhando para ele, podia não o deixa assim tão confortável. Baixei meu rosto para minhas mãos em meus colos, buscando focar em outra coisa que não fosse ele. Mas nem minha fome me distraiu o suficiente em relação a isso. Queria me virar, continuar olhando para o homem até o momento em que me sentisse satisfeita. Confiante o suficiente de que ele estava bem.
— Você sabe dirigir Rebecca?
O olhei assim que ouvi meu nome, mas seus olhos estavam no teto do carro. Encolhendo minhas sobrancelhas, apertei meus dedos.
— Você ainda não se sente bem?- perguntei preocupada.
Harry balançou a cabeça, olhando finalmente para mim.
— Estou bem, não se preocupe.
Suspirei baixando meus ombros.
— Não peça para que eu não me preocupe, é impossível.- resmunguei baixo, mas saiu mais como uma reclamação - Tem certeza que se sente melhor? Posso fazer algo? Você precisa de agua? Está com fome ou dor?
Harry apenas balançou a cabeça tranquilamente, calmo. Seus olhos estavam nos meus, fixos como ele fazia costumeiramente. Me deixando envergonhada, costumeiramente. Não sabia se deveria confiar no que Harry disse. Eu estava com a ideia fixa de que Harry falava muito através de seus olhos, e mesmo me sentindo um pouco patética, eu sentia que deveria confiar no que eu enxergava. E nesse momento, não enxergava nada mais além do que sua fragilidade. Podia estar maluca, outra coisa que eu também tinha certeza, mas agora sabia que Harry não estava assim tão bem.
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As cores em você |H.S| 🦋
FanficHarry Styles é um florista mal humorado que vê o dia cinza todos os dias, LITERALMENTE. Com uma doença que o impede de ver as cores, algo maluco acontece quando sua mais nova funcionária com desastre escrito em sua testa, derruba um vaso em sua cabe...