Capítulo 62

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— Alícia me disse que você me ligou. Eu iria te ligar ontem, mas caiu uma chuva e você sabe como ficam as coisas por aqui. Está  tudo bem?

   Eu estava terminando  de colocar o meu vestido no corpo com pressa, enquanto tentava segurar o telefone entre meu ouvido e o ombro.

— Está tudo bem Renan, eu só queria conversar com você. Senti sua falta.

  Eu não menti totalmente, eu realmente sentia a falta dele. No entanto, mesmo que antes  minha maior vontade fosse contar para ele sobre o acontecido na floricultura,  queria esquecer um pouco daquele desse dia e das sensações ruins que ele trazia. Não tocar no assunto iria me ajudar e muito.

— Mesmo? Te conheço Rebecca.

— Willou Renan, willou. E eu realmente estou bem. Estou me arrumando para ir trabalhar.

  Quase cai no chão tirando a calça de meu pijama, olhando para fora da janela vendo que o carro onde Miguel nos levaria sequer estava ali ainda.

— É uma indireta de que estou de atrapalhando?— falou desgostoso do outro lado.

— Talvez um pouquinho.  É que eu tô bem atrasada. E aparentemente meus amigos também.  — suspirei correndo até o banheiro.

— Tudo bem, eu também preciso ir trabalhar. Só queria saber se você esta mesmo bem.

  Sorri com ternura, mesmo sabendo que ele não iria ver.

— Vamos fazer a noite das estrelas hoje?

— Não sei.

— Por que você não quer mais fazer a noite das estrelas? Eu realmente estou sentindo falta.

    Tentava esconder um pouco de minhas olheiras com a maquiagem  que comprei para cobrir as marcas em meu pescoço,  e notando bem, elas sequer estavam mais intensas ali.

— Ficar parado olhando para o céu sem fazer, ou dizer  absolutamente nada. O que tem de especial nisso?

   Deixei de lado o que fazia, me olhando pelo reflexo do espelho.
 

   Não havia gostado de seu tom de desinteresse, como se aquilo realmente fosse completa bobagem.  Ele sabia que momentos como esse, que traziam de volta as lembranças  boas de meu pai era mais do que especial para mim, e eu sabia que era mais do que especial para ele também. Diminuir uma coisa com sério significado,  só mostrava o quão ele tentava mentir para si mesmo. Em nossa última conversa, ele demonstrou de forma sincera ainda se sentir culpado pelo seu pouco agir quando nossos pais estavam vivos. Eu lhe compreendia. Agora devia ser o momento em que ele mais devia buscar se sentir próximo, no entanto, Renan estava fugindo.

— Você deveria parar com isso. Eu só quero sua companhia.

  Ele continuou em silêncio por longos segundos, enquanto me mantive esperançosa. O despertador tocou novamente me fazendo voar para o quarto e logo voltar novamente para o banheiro.   O homem ainda quieto, parece irritado, mas logo resmunga algo  respirando fundo.

—   Me liga mais tarde, eu preciso ir agora.

  Aquilo era um sim. Abri meus olhos apertando meus lábios,  ele havia aceito.

— Eu sabia! — comemorei. 

— Tchau. — ele sequer esperou eu responder,  encerrou a chamada.

   Lhe xinguei fazendo uma careta, mas logo sorri largamente. Fazer coisas que me deixavam feliz e calma, era tudo que eu precisava. E quando eu sabia que iria iria sentir um calor no peito, ao me lembrar de coisas boas com meu pai, isso me fazia soltar fogos. Deixei a maquiagem de lado e voltei para o quarto, não podendo conter minha animação. Mas não esquecendo que eu estava atrasada.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora