Capítulo 57

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Harry





Começava aos poucos, me arrepender ardentemente de ter vindo para Londres. Eu sabia que de algum jeito, todas as coisas nas quais eu fugia frequentemente, iriam me alcançar de alguma forma. Tudo aquilo que trazia consigo dor e angústia, estava nesse lugar. Não foi atoa que resolvi me mudar para Nova York. Morar longe de Anne não era algo em que eu desejava com todas as forças, e não cuidar da floricultura de meu pai, como eu deveria ter feito desde que ele morreu, ainda era algo no qual eu tinha um grande arrependimento.

E agora, eu sentia que tudo resolveu aparecer de uma só vez. Me sentia extremamente sufocado, confuso, sem saber o que fazer. Tudo estava sob controle em um momento, e eu gostava tanto de sentir isso. Porém, agora olhando pra toda situação, era como se eu estivesse perdido.

Eu jurava que tudo havia se superado dentro de mim, e que eu já era adulto e forte o suficiente para lidar com todas as coisas. Mas eu notei que não. Os sentimentos que eu achava ter desaparecido, e que dessa forma me impulsionava a seguir em frente, na verdade estavam mais vivos do que nunca. Só se esconderam. Como se soubessem que esse momento iria chegar. E agora ardia como fogo em minha cabeça. Com ainda mais força e intensidade. Sentia revolta, uma tristeza enorme e um grande arrependimento. E como se eu nunca tivesse sentido isso antes, o medo pareceu ser algo novo, frequente e extremamente assustador.

Assim que parei o carro em frente a floricultura, podia ver as luzes ainda acesas, o que significava que Anne estava ali. E mesmo sabendo que não deveria me sentir dessa forma, a culpa em meu peito apertava cada vez mais forte em vê-la. Foi por esse motivo que tive que sair da cidade uma vez, e queria nesse momento fazer a mesma coisa.

No instante em que desci do carro, ficando a frente da Floricultura, passei a repensar se aquele era realmente o lugar certo para mim naquele momento. Havia milhões de gatilhos que podiam desencadear algo pior do que eu já estava sentindo. E eu não queria isso. Não perto de minha mãe. E esse pensamentos me fizeram dar as costas. O lugar mais vazio no qual eu me lembrava existir ficava bem ali, então caminhei em direção ao parque. Buscava um lugar para acalmar meus pensamentos, e eu não tinha nenhum.

Pela primeira vez senti a vontade de querer desabafar com alguém, contar coisas que eu sei que não tinha coragem. Mas não havia ninguém. E notando bem, eu mesmo me coloquei nessa condição.

Afastar as pessoas, era um sistema de defesa eficiente para evitar decepções. Se sentir sozinho, era um efeito colateral.








Anos antes



- O que aconteceu com Miguel? - meu pai perguntou ficando ao meu lado.

O mesmo acenou para o manobrista trazer seu carro, coisa que o funcionário não demorou a fazer.

- Pensei que ele viria para a comemoração. - sorriu.

Eu também havia pensado que ele viria. Ele foi a primeira pessoa na qual eu contei sobre o presente que havia ganhado do professor. Lhe chamei pra se encontrar comigo. No parque na frente da Floricultura, havia um conjunto de mesas para piquenique, era onde normalmente eu, ele e Niall nos encontrávamos. O loiro problemático havia ido para a Irlanda, dessa forma, deixaria a informação para lhe contar por telefone. Mas Miguel estava na cidade e eu queria acima de qualquer pessoa, que ele pudesse comemorar comigo. Esperei por uma hora, pensava que ele sequer viria. Porém, ele veio, mas não pensei que iria completamente bêbado.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora