Assim que desci do ônibus agradecendo ao novo motorista com um sorriso sem graça, o homem acenou de volta claramente sem o mínimo de paciência. Fingi que sequer notei sua total cara de desgosto já que fiz ele parar fora do ponto. Provavelmente nos veríamos muito, não iria brigar com o senhor. Então apenas esperei ele sair da frente da faixa de pedestre para poder atravessar e assim, finalmente seguir até meu emprego.
Era meu quinto dia de trabalho e Harry realmente não estava brincando quando me perguntou sobre o ônibus. Dias atrás ele fez questão de sair mais cedo só para não me levar, e Anne na maior gentileza me chamou um táxi. Cheguei dois minutos atrasada e ele fez questão de brigar comigo na frente de todos. Entendi o que ele queria fazer. Desmanchar na cabeça dos funcionários a ideia de que, só porque cheguei com ele no dia anterior e que conhecia Anne, não significava que eu tinha algum tipo de privilégio. Não foi de todo errado, no fim das contas aquele era o seu trabalho. Era bom até para mim, pois dessa sabia que aquele meu plano de ser mais próxima ela não daria certo.
Assim que entrei na floricultura levei meus olhos até Marina que estava do outro lado do balcão, distraída olhando para baixo.
— Bom dia Marina!!!- digo me apoiando ali.
Ela se assusta olhando a sua volta e após um suspiro aliviado, me encara sem humor, provavelmente não era um bom dia.
— Está bem?
— Sim.
Ela me ignorou voltando a olhar para baixo. Sorri fraco coçando a nuca, claramente hoje não era um bom dia para a moça. Segui em direção aos armários agarrando meu avental. Algo que devia fazer assim que chegava era checar o pomar, e varrer o mesmo. Era algo que eu fazia para matar o tempo, até que Lorena e o Sr. Jorge me dessem alguma tarefa ou tivéssemos clientes. E para ser sincera era a parte em que eu mais gostava. As vezes dava água para as plantas ou seguia borrifando veneno. Sentava em um banquinho recuperando minha dor nas costas já que varrer era o que mais fazia. Falar com as plantas foi cancelado depois do último episódio, e eu preferia particularmente esquecer aquele dia.
Assim que abri a porta do pomar já podia ver Miguel abaixado de frente a um vaso, anotando algo em sua prancheta. Ele não era muito de falar, comigo principalmente.— Bom dia.
Segui pegando a vassoura de palha, seguindo em direção ao homem. Ele se levanta ainda com os olhos no papel, focado em sua tarefa. Buscava entender o motivo pelo qual ele não gostava especialmente de mim, já que no fim não havia feito nada de errado. Tudo bem que Harry havia lhe dado uma tarefa a mais por minha causa, mas de uma forma ou outra ele teria que fazer isso. Ou não.
Sorri ficando ao seu lado, erguendo levemente meus pés para ver melhor o que ele escrevia. Haviam números e mais números. Eram separados basicamente iguais aos que estavam nos vasos por toda a loja. Seriam códigos? Pareciam.— O que está fazendo? - perguntei baixinho, erguendo meus olhos até seu rosto, notando por fim que ele me olhava também.
Ele desviou os olhos ajeitando sua postura. Miguel da as costas indo até o outro lado do pomar me deixando ali sem uma resposta. Fiz uma careta ameaçando lhe bater, me recompondo. Ridículo.
— Custa responder? - comecei a varrer rápido, quase levando o concreto do chão comigo.
Todos as pessoas estavam de mal humor? Juntei algumas folhas pequenas que haviam ali, garrando uma sacola preta e colocando ali dentro a sujeira. Uma hora eu vou ser grosseira com as pessoas assim como são comigo, e quero só ver se eu ouvir uma reclamação.
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As cores em você |H.S| 🦋
FanficHarry Styles é um florista mal humorado que vê o dia cinza todos os dias, LITERALMENTE. Com uma doença que o impede de ver as cores, algo maluco acontece quando sua mais nova funcionária com desastre escrito em sua testa, derruba um vaso em sua cabe...