Capítulo 68

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  Harry





—  Harry!!! — me virei assim que pude ouvir a voz  de Matteo.

   Ele corria apressado em minha direção,  carregando em suas mãos uma sacola de papel. Era bom que estivesse correndo mesmo, pois estava atrasado a cerca de vinte minutos e se havia uma coisa que eu odiava, era esperar. 

     O voo de emergência para cá havia sido cansativo, as oito horas de viagem acabaram com minhas costas e minha cabeça pareceu explodir. Pisar em terra firme não foi um alívio, pelo contrário, o peso que eu tinha nas costas só  apareceu se tornar ainda maior quando notei estar na tão famosa cidade que nunca dorme.

—  Está atrasado. —  deixei claro assim que ele parou a minha frente. 

—  Olá,  Harry! Eu estou bem, obrigado por perguntar. — sorri ele falsamente. 

    Matt indicou a sacola de papel e nãodemorei a pegar, caminhando em direçãoa saída. Havia na sacola umas peças de roupa e assim que eu avistei o objeto, logo agarrei os óculos de sol. Minha cabeça estava explodindo e o sol da manhã estava forte. Havia luz para todos os lados,  e eu não gostava da forma em que estranhamente me sentia desconfortável.  Isso para mim devia ser a coisa mais fácil e costumeira,  mas não parecia.

  Era tudo cinza e eu sabia que não iria ver um ponto colorido sequer, o dia todo.

—  Realmente não trouxe malas?—  ele olhou a minha volta.

   Neguei com a cabeça.

—  Não,  minha mãe me levou da feira direto para o aeroporto. Consegui uma passagem por pura sorte. —  apertei o botão chamando o elevador, enfiando minhas mãos no bolso —  Me conta melhor o que houve.

   Matteo fez uma careta agarrando guardando seu celular no bolso, descontente.

— Estamos em duas crises. A sede na quinta avenida, está com um pedido atrasado para flores, em um casamento no Central Park. O casamento é amanhã, e os fornecedores estão presos na Pensilvânia.

   Assim que o elevador, não demorei para apertar o botão. 

— Quero saber da loja no Bronxs,  Matt. O que está acontecendo?

  Ele me olha arqueado uma das sobrancelhas.

— Temos um casamento amanhã, a sua principal loja está sem flores e você quer saber da floricultura do Bronxs?

— Não vou fechar uma loja por não ter como entregar algumas flores. Mas vou fechar uma, se você não me explicar o que está acontecendo com a floricultura da Nancy! — respirei  fundo sem paciência. 

  Ele balançou a cabeça. 

— Sua outra crise.  O proprietário quer quebrar o contrato da floricultura no Bronx.— Matteo parecia nervoso em relação a isso, e eu o compreendia, o locador era alguém extremamente difícil de se lidar.— Já chamou os advogados e vai pagar a multa, independente do valor. Nos deu uma semana para tirar as coisas do imóvel.

  Desviei meus olhos, apertando meus lábios.

— Tentou conversar com ele?

— Tentei oferecer um aumento do aluguei.  Fiz várias propostas, mas ele está  irredutível.  Aparentemente ele vendeu o locar e vão demolir.

      Isso era uma grande merda. Uma dor de cabeça na qual eu sequer queria lidar.

    Só no estado de Nova, havia ao todo cerca de cinco floriculturas. Todas elas bem administradas por pessoas de minha confiança,  funcionários nos quais eu obtive um bom convívio enquanto fui crescendo. Todos mais velhos, experientes e que agora estavam prestes a se aposentar. Empregar pessoas com uma faixa etária não tão favorecida, era o que eu podia fazer, levando em conta o quão pareciam ter dificuldades. Uma das minhas floriculturas favoritas era a do Bronxs.  Lá havia Nancy,  uma senhora querida,  que me ajudou não só a cuidar da floricultura,  mas que ampliou meu conhecimento e me instruiu  sobre a forma correta de fazer meus investimentos.  Eu era novo e havia aberto minha primeira floricultura quando a conheci. Nancy era uma senhora inteligente, bem disposta, e apaixonada pelo seu neto e meu então advogado, Liam. Nos tornamos próximos. Imaginar como ela estava se sentindo agora, pensando que a floricultura iria fechar , me deixava incomodado.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora