Capítulo 37

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      O dia estava nublado lá fora. Não gostava tanto assim de dias nublados, ainda mais quando meu humor não estava  lá dos melhores, mas no fim das contas, era até bom. Entregar panfletos com um sol de quase quarenta graus nas minhas costas, estava longe de ser minha preferência. Esperava então que o dia continuasse assim.

  
    Havia acordado um pouco mais cedo que o normal. Precisava tomar um bom café já que hoje iria provavelmente demorar um pouco mais para almoçar, pois dessa vez estabeleci metas. Estava um pouco animada. Tive que elaborar um plano em minha cabeça, algo que fizesse com que as pessoas pegassem os panfletos e realmente fossem até o restaurante. Precisava me empenhar pois dessa vez não teria ajuda e queria realmente, que como da última vez, meu atual chefe ficasse animado e feliz com meu trabalho.

     Estava buscando no jornal a minha frente, anúncios de emprego e iria entregar alguns currículos. Era por esse motivo que deveria comer bem, pois no meu almoço um sanduíche teria que ser mais do que suficiente para me poupar tempo.

— Ah... — a voz estridente de Marina surgiu na cozinha , roubando minha atenção. — ... que bom que você está aí!

  Ela deixa sua bolsa sobre o balcão, quase a jogando no chão e logo coloca suas mãos na cintura, nada contente.

— Posso saber o motivo pelo qual deixou toda aquela bagunça na cozinha ontem?— ela ergue uma das sobrancelhas irritada.

   Eu já sabia que ela iria reclamar de alguma forma, mas eu estava com zero paciência. Mesmo errada e reconhecendo que não tinha a menor necessidade de minha parte, ter deixado tanto trabalho para ela, o tom de voz da mulher me incomodou. Não necessitava de tanta grosseria.

— Me desculpa. Aconteceu uns problemas e acabei saindo as pressas, mas pode deixar que isso não vai mais acontecer. — disse calma, forçando um sorriso que saiu sem jeito. 

  Ele ri sem humor, mordendo rapidamente os lábios de forma nervosa.

— É claro que não vai, pois eu não estou aqui para ser sua empregada. — ela coloca uma das mãos sobre a mesa, apontando a outra para mim.

— Em nenhum momento eu disse que seria Marina, tanto que te ajudo como posso.  Já pedi desculpas. — insisti a olhando, passando a mão pelos cabelos. — Se tiver algo que eu possa fazer para...

— Nada. Não me importo com o que acontece com você, mas não quero que interfira a mim. Toda aquela bagunça de ontem,  só quero que não se repita! — inclina seu corpo me olhando fixamente, aumentado o tom de voz.  

    Segurando minha xícara de café e puxando sobre a mesa, ela me olha desafiadora. Pegar meu café e beber descaradamente era algo em que ele fazia normalmente e que eu sequer dava muito bola, mas hoje não. Em um passo rápido coloquei minha mão sobre a dela, a impedindo de mover a xícara. Normalmente eu sequer me importaria, ela sabia que eu não ligava, porém a forma na qual ela estava me olhando superior me incomodou.   Não importava o quanto ela estava no direito de estar chateada, mas tudo tinha um limite. Não estava nos meus melhores dias, lidar com Marina é algo no qual me acostumei, mas não iria engolir sua antipatia gratuita.

     Não sei se parecia idiota o suficiente para as pessoas pensarem que podem me tratar de forma grosseira. Talvez o fato de eu sempre querer evitar conflito e deixar as coisas como estavam. Mas não iria mais permitir que isso aconteça. Estava exausta e completamente chateada. Marina não  iria  reinar para cima de mim. Ainda mais quando me lembrava da teoria de Lorena, coisa na qual ficou a noite toda em minha cabeça me mantendo acordada, alimentando meu rancor em relação a ela caso fosse verdade.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora