As cores em você |H.S| 🦋

Capítulo 25

kisses ❤️

  

     Meus dedos já estavam ágeis. Conseguia cortar os legumes, e as cebolas mais rápido, e notar que minha mão já não dói mais como antes, me trazia um alívio gigante. Estar indo bem em meu trabalho era a única coisa que eu precisava ultimamente. Parecia que o péssimo humor de meu chefe não ia mais embora, e lidar com ele gritando comigo estava me deixando completamente desmotivada. Parecia que a cada errinho, eu era a culpada e ele sempre me dava broncas. Quando ele se aproximava, eu só conseguia sentir o frio na espinha e pensar " O que eu fiz agora?'', sendo que eu lutava para me manter no pequeno banquinho junto as cebolas.

      Agora  terminava o mais rápido possível as batatas, já que as meninas precisavam de uma força. Meu almoço foi a quatro horas atrás, e eu sequer pude sair com o movimento. Minhas pernas estavam tremendo um pouco, mas isso acontecia com frequência em dias com movimento. Sr. Ragi havia me dito que, assim que terminasse as batatas poderia sair para almoçar, e eu sei que ele sequer falaria isso se Lorena não estivesse a minha procura, e eu a chamasse para um lanche. Ele queria nos prender no restaurante até ele fechar, mas não podia e não iria deixar.

  Assim que terminei as batatas e lavar minha mão, não esperei pela permissão do indiano. Foi o que as meninas me falaram para fazer, ou do contrário ele com toda certeza iria me pedir para fazer, mais uma, e depois mais outra coisa. E eu precisava mesmo sair daquele lugar. Estava com sono, com dor em meu corpo e uma preguiça que derrubaria um elefante. Deixar de sentir o cheiro do molho de carne, com toda certeza iria tirar um enorme peso de minhas costas.

  Agarrei minha bolsinha saindo da cozinha, vendo Lorena de pé do lado de fora do restaurante, mexendo em seu celular. Olhei para as mesas a procura de meu chefe e pelo visto ele estava na área de carregamentos. Não perdi tempo, como uma adolescente fugindo de casa corri para fora do lugar. Sem sequer explicar para ela, puxei o ser de cabelos cacheados comigo, a pegando totalmente de surpresa.

— Willou, o que foi?

— Preciso ficar longe desse restaurante. - resmunguei choramingando.

— Aconteceu algo?

  A olhei sem sequer saber por onde começar. Se era pelo Sr. Ragi estar sendo insuportável  e sobre a possibilidade de que Harry esteja certo e eu sendo burra, ou meu drama em não saber o que fazer de minha vida além de trabalhar feito uma escrava nessa cidade. Mas também não queria despejar sobre ela meus problemas. Fazia um longo tempo desde a última vez em que nós duas nos encontramos.  Falar com alguém depois de passar uma semana toda sozinha, era bom demais para que o tempo fosse desperdiçado  falando de problemas. 

     Então eu apenas neguei com a cabeça, andando ao seu lado e a ouvindo falar sobre seus planos de estudar, planejamento urbano ou paisagismo. Era legal ver ela toda animada, tendo em base que a mesma já me disse ter uma família difícil. Gostava de saber que as coisas estavam indo bem para as pessoas em que amo. Para mim não era tão difícil amar, me apego fácil demais as pessoas. Como agora em relação a Lorena e Miguel. Já gostava demais deles, os considerava meus amigos. Mas ser assim tinhas seus problemas. Era aberta, o que significa que no fim das contas, era como um celular sem senha. Vulnerável. Mas não me importava,  meu pai me alertou que iria passar por grandes decepções, mas  e sequer conseguia mudar. Essa era eu. Ouvir sobre as conquistas de Lorena, aquecia meu coração, ficava feliz por ela.

      Não demorou muito para nós duas estarmos longe do restaurante. 

Seguindo em direção a uma lanchonete que não ficava muito longe, conversamos ainda mais. Meu estômago gritava por alimento, assim como todo meu corpo. Quando chegamos, logo pedi uma porção grande de fritas, queria beber refrigerante e afundar minha cara no açúcar. Precisava acalmar meu estresse e a comida estava atualmente sendo meu escape.