Capítulo 23

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  — E você não  aceitou, certo?

    Harry havia dado um passo em minha direção e a forma na qual ele mudou sua feição, deixando aparente seu total descontentamento, me deixou sem saber o que dizer. Não conseguia mais sorrir, mas estava me esforçando para manter. Ele parecia, ao contrário do que Hugo disse, não saber da visita a meu trabalho.  Na verdade, pareceu completamente descontente.

— Por que parece tão bravo?

  Harry respira fundo, impaciente, me olhando em busca de respostas.

— Aceitou Rebecca?

— Você não disse para ele ir se desculpar certo?- mordi meus lábios fazendo uma careta, vendo que Harry sequer moveu a cabeça para negar - Pelo visto, eu estava certa.

   Quando o Hugo apareceu buscando por mim no meu trabalho, senti realmente um frio na barriga. Não queria confusão e muito menos perto do indiano. Ele me chamou pra almoçar e se desculpou, e passou a falar coisas horríveis do restaurante. Não havia gostado, mas ele ignorou o que eu disse quando tentei defender meu atual trabalho, e falou que tinha uma oportunidade muito melhor de trabalho para mim. Logicamente, já fiquei feliz. Havia passado a manhã toda ouvindo reclamação do Sr. Ragi, suas grosserias haviam me esgotado e naquele momento faria de tudo para sair dali. 

— Hugo é alguém mentiroso, já deveria saber.- Harry parecia chateado.

— Ele foi tão gentil, apesar da sinceridade exagera sobre meu emprego.- encolhi meus ombros.

  Harry abriu a boca para dizer algo, mas logo fechou colocando as mãos na cintura, virando de costas para mim. Ele parecia buscar paciência. 

— Mas fica tranquilo...

— Ficar tranquilo?- ele se vira rápido - Você saiu de um inferno para entrar em um ainda pior!

   No mesmo instante levei a mão sobre a testa mentalmente. Balancei as mãos para Harry, negando de forma rápida.

— Não Harry, eu não aceitei o emprego.

— Não?

   Sorri para ele, empurrando levemente seu braço.

     Harry me olhou parecendo ainda mais bravo. Mas segundos depois relaxou os ombros, passando a mão pelos olhos. O alivio foi aparente. Ele muda sua postura soltando o ar, subindo seus olhos para mim, e me encarando com total cara de tédio. Deveria ter dito logo de cara que havia negado o pedido de Hugo.

— Não mesmo?- me olha desconfiado.

— Claro que não.- movi meu corpo levemente.

     E após pensar sobre o assunto, logo baixei meus ombros, mostrando no lugar de meu sorriso, minha breve chateação. 

— Foi uma grande tentação, já que hoje o senhor Ragi brigou bastante comigo...

     O dia não havia sido nada fácil. Três das cozinheiras haviam faltado, tive que trabalhar em dobro cortando outros legumes e o Sr. Ragi queria que eu desse uma de chef. Eu até que me sai bem, ganhei um elogio de um dos clientes e isso melhorou meu dia, pelo menos por algumas horas. Quando meu chefe viu que eu mudei a receita, falou tantas coisas, que eu ainda podia sentir o meu ouvido esquentar. Era só uma carne com legumes, mas para meu chefe foi um crime de estado. 

     Ele gritou " Não se muda Uma Sopa em que é naturalmente de um sabor, pois se mudar, deixa de ser aquele A SOPA QUE ERA PARA SER, a sopa que o cliente pediu ". Bom, ele não estava de todo errado. Não devia mudar algo pensando em apenas uma pessoa e ignorando as outras. Houve apenas uma pessoa elogiando e mais cinco reclamando do sabor.  Estava realmente errada.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora