Capítulo 32

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"- Você vai entregar os folhetos nessa parte. É o lugar onde mais tem movimento já que tem uma faculdade logo ali, e uns escritórios ao redor. A cada cliente que aparecer com seu folheto no restaurante, você ganha uma pequena mas significativa comissão. "

Foi isso que o chinês corcunda e com um cheiro um pouco anormal de peixe, disse a cerca de uma duas horas atrás. Logo depois me entregou uma enorme pilha de panfletos e saiu com pressa, me deixando lá. Era pesado, os papéis eram realmente um incomodo para os braços, mas tinha que pensar positivo. Eu dizia para mim mesma "logo todos eles seriam entregues e o peso iria diminuir", pelo menos foi isso que me animou nos primeiro minutos de trabalho, mas minha habilidade de estar sempre errada era incrivel. Minha alegria durou pouco quando, duas, das dez pessoas que passaram por mim pegaram o papel. Boba pelo mal humor das pessoas, usei meus dedo para fazer as contas e me desesperei ao ver que se continuasse assim, não iria terminar isso nunca.

Porém, respirei fundo e deixei de lado a reclamação. Estava preocupada demais com meu irmão, para me abalar dessa forma. Até que pudesse imprimir novos currículos e entregar novamente, precisava ganhar dinheiro de alguma forma. Ontem, notando o desespero em minha voz , Lorena me disse que sua tia trabalhava em um restaurante. Sabia que ela queria me ajudar, mas eu quase chorei. Sequer havia saído de um e ela queria me enfiar em outro. No entanto, entregar folhetos era o trabalho e eu logo aceitei sem sequer negar. Não podia ficar parada e ele era mais do que suficiente ultimamente.

Havia depositado boa parte de meu dinheiro para meu irmão, e eu sabia que era mais do que ele precisava. Ele me ligou de noite, dizendo que era muito e que iria devolver boa parte, mas neguei. Sabia que sua namorada era fraca e iria precisar de muitas coisas. Os dois estavam sozinhos lá, e eu queria deixar claro que estava presente aqui.

Renan era meu irmão, minha única família. Não podia deixar o mesmo sozinho. Se tivéssemos nossos vizinhos e avós como antes, sabia que não iríamos ficar sozinhos, que poderia me sentir mais tranquila que ele receberia ajuda. Mas não. Ele tinha a mim e eu tinha a ele. Éramos apenas nós. E mesmo querendo dizer a meu irmão no fundo, que ele deveria lidar com seus próprios problemas sozinho, não conseguia ser assim. Queria sim lhe dar uma surra, mas quem eu estava querendo enganar? Já estava preocupada demais para simplesmente ignorar meu irmão e bancar a fria sem sentimentos. Renan realmente gosta de Alícia, e eu sabia que ele não iria deixar.

Enquanto ele cuidava dela lá, buscava trabalhar aqui para poder ajudar.

- Bom dia. - disse para uma das senhoras que passou, mas ela me ignorou totalmente, desviando do folheto.

Respiro fundo jogando minha cabeça para trás, levando uma das mãos até minhas costas. Comecei bem cedo. Logo era a hora do almoço e eu só queria tomar uma água bem gelada. O sol estava de rachar, e eu sentia que provavelmente sairia vermelha.

- Olha só, que coincidência. - a voz masculina atrás de mim, fez com que eu me virasse confusa.

O homem alto e com um terninho sorriu para mim. Sorri de volta, mesmo que eu sequer me lembrasse exatamente quem era aquele ser. Olhei para sua mão lotada de panfletos também, me sentindo menos sozinha já que claramente ele estava trabalhando assim como eu.

- Oi. Tudo bem?

Ele parecia avaliar meu rosto. Após cruzar os braços, e com os olhos semicerrados, ele sorri.

- Você não se lembra de mim, não é?

Passei a mão pela nuca, encolhendo meus ombros.

- Pra ser sincera não.

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora