Capítulo 38 - Ora ora!

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Assim que nos aproximamos da fraternidade podemos ouvir a música alta ecoando ao longo da rua, o barulho chega a ser ensurdecedor do lado de fora, me fazendo arrepiar só de imaginar como estaria do lado de dentro.

Paro por um momento precisando respirar, espantar o nervosismo e torcer para que esse sentimento horrível dentro de mim diminuísse, tudo daria certo, falhar não era uma opção. Olho para o lado rapidamente vendo a van passar por nós, por um breve momento vejo Miguel pela janela e meu peito se aperta, a van para assim que nossos olhos se encontram e sei que esse é o momento de desistir ou seguir em frente, se demorasse mais um segundo para tomar uma decisão Miguel estaria ao meu lado mais rápido do que um piscar de olhos me tirando daqui sem que eu consiga sequer abrir a boca para protestar. Decidida, respiro fundo, ajeito meus ombros e sigo em frente.

— Pronta?

— Nasci pronta! — Olivia responde, me dando um leve aperto na mão, me deixando saber que ela estava ali comigo, que eu não estava sozinha.

Assim que entramos na casa o som é tão alto, que luto contra o reflexo de levantar os braços e tapar os ouvidos. A festa não havia começado a muito tempo, mas já estava lotada, havia uma infinidade de pessoas por todos os lados, tanto dentro quanto fora da cada e pelo pouco tempo de festa era impressionante o nível de embriaguez de algumas pessoas, sem falar na enorme quantidade de copos de cervejas e garrafas de bebidas espalhados.

Olivia entra confiante como sempre e eu sigo atrás, algumas pessoas param para falar com ela pelo caminho, me ignorando, o que me deixa imensamente feliz. Alguns idiotas me puxam pelo braço enquanto andamos ou tentam me segurar pela cintura de alguma forma, se aproximando de mais de mim, me desvencilho facilmente deles, mas toda essa atenção me deixa agitada.

De repente começo a me sentir exposta demais com a roupa que Olívia me ajudou a escolher, o que me irrita, visto que realmente estava feliz pela minha escolha, era a primeira vez que me permitia comprar um item que realmente me fazia sentir bonita e não algo que me ajudaria a me manter escondida, irreconhecível, mas estava começando a me arrepender. Fui tola, sendo motivada mais uma vez pelos malditos pensamentos que me levavam a Miguel, o que acontecia com frequência nos últimos tempos. Estava curiosa para ver sua reação, mas havia me esquecido que não seria somente ele o espectador, que não o teria ao meu lado para manter todos os olhares indiscretos e sujos longe de mim como sempre fazia quando saiamos, não que eu precisasse dele para me proteger, mas sabia que infelizmente um homem ao lado me pouparia o trabalho e o estresse de dispensá-los eu mesma, por que o não de uma mulher era a mesma coisa que nada para os ouvidos de um homem.

— Você quer beber alguma coisa? — Olivia grita em meu ouvido me trazendo de volta a realidade — Está muito quente aqui dentro.

— Qual foi a primeira coisa que Erik e Miguel disseram para não fazer Olivia? — respondo irritada.

— Eu seiiii! — geme fazendo beicinho — mas eu estou morrendo de sede Belz, está um calor infernal aqui dentro. Devem ter garrafas fechadas de água ou refrigerante na geladeira, afinal nem todo mundo bebe cerveja.

— Tudo bem, mas só se estiverem lacradas — confirma com a cabeça.

Seguimos até a cozinha, o lugar era um dos mais cheios na casa, as pessoas não queriam sair de perto do enorme tanque de cerveja, o que não é de se assustar, eu no lugar delas faria o mesmo com todo esse calor. Nos esprememos entre a pequena multidão no diminuto espaço até chegarmos a geladeira, quando finalmente conseguimos nos aproximar...

— Mas que merda! — Olivia grita ao ver o interior completamente vazio. Irritadas nos viramos quando ouvimos alguém rir atrás de nós.

— Se a gatinha estiver procurando alguma coisa eu sinto partir seu coração, mas só temos cerveja — diz um cara por trás de mim, praticamente ronronado em meu ouvido. Olho irritada e ele levanta as mãos se afastando

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