Capítulo 23 - Uma surpresa nada agradavel

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_Belzitaaa!! Você não vai adivinhar o que eu andei ouvindo por ai! - Olivia vem correndo até mim gritando enlouquecidamente.

_ Nada bom, aposto. - digo abrindo o armário, pegando tudo que era necessário para a próxima aula.

_ Parece que seu nome anda rolando pela boca dos meninos mais gostosos dessa universidade - diz se abanando.

_ Como disse, nada que preste ou necessite de minha atenção. - digo pegando minhas coisas e batendo a porta do armário.

_ Oi!? Você ta bem? - diz indignada colocando a mão na minha testa mas eu a empurro.

_ Me poupe Olivia! Você sabe que o que eu menos quero é a atenção desses idiotas.

_ Deus! Perdoe por que ela não sabe o que diz - reviro meus olhos com seu drama.

_ Bela, minha querida e carrancuda amada amiga, você sabe o que qualquer outra menina desse lugar daria para ser você nesse momento?

_ Elas não tem com o que se preocupar por que não quero nada com ninguém. Agora se me der licença, nos vemos mais tarde. Tchauzinho.

_ Belz! Serio? Urg! Você me irrita garota! - grita atras de mim enquanto saio andando sem dar um minuto de atenção a mais se quer a ela.


Chegando na aula sigo até meu cavalete, preparo todas as minhas coisas e vou até minha bolsa pegar o avental e as tintas, essa era minha classe preferida, um dos únicos momentos que me permitia relaxar e fazer algo que realmente gosto, assim que puxo os materiais da bolsa um papel cai, me abaixo, pegando-o e abrindo, assim que leio sinto o mundo cair ao meu redor.

Estamos de olho em você!

Amasso rapidamente o papel enfiando-o no bolso, discretamente olho ao redor em busca de algo, alguém, qualquer pista de quem havia colocado aquilo.

Meus olhos vagueiam freneticamente entre as janelas, a porta e meu material, tudo em mim grita "fuja!, "Corra!, "Se esconda!", mas... isso não aconteceria mais. A criança assustada que conheceram anos atras já não era mais a mesma, tanta coisa havia acontecido...

Eu havia tomado a decisão de ficar e assumir quaisquer consequências e seria isso que faria, eu estava tão cansada de fugir, de nunca possuir nada, não ter ninguém...

Você cresceu Ariela, se tornou uma mulher forte, determinada, corajosa, você consegue - digo a mim mesma mentalmente - tudo que aconteceu... todos esse anos... todas as perdas... te prepararam para isso, esse momento, chega de sempre ter medo, de se esconder, chegou a hora de lutar, não importa o resultado... lutar até o fim.

Fecho meus olhos e respiro fundo, acalmando todo o meu corpo, deixando toda essa nova perspectiva se arraigar em meu ser. Mais calma abro os olhos, pensando seriamente se devo ir para casa ou continuar mas logo que a ideia de ir vem ela se vai, não deixaria que eles me tirassem mais nada, finalmente algo em mim havia mudado, algo havia mexido dentro de mim, me dando essa força que faltava para finalmente saltar nesse enorme abismo e me permitir viver, realmente permitir viver.


Volto ao meu estande e continuo a pintura que estávamos trabalhando no ultimo mês, com as mãos ainda tremulas apenas fico ali parada, observado, admirando o retrato de mamãe em meio uma variedade de rosas, a ideia surgiu de uma conversa entre mamãe e eu enquanto assistimos um filme... "Nunca olhe as coisas de perto minha bela, as vezes para se entender tudo é preciso se afastar, nem tudo é o que parece ser", e com esse conselho criei uma das primeiras coisas que tornariam o vazio apartamento em um lar.

O expectador ao olhar a pintura, inicialmente vera apenas uma enorme variedade de belas rosas, algumas claras, outras escuras, coloridas, de cores vivas, sutis ou apenas brancas mas a medida que se afasta percebe um belo rosto sendo formado por todas aquelas belas cores e flores misturadas entre si.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora