Capítulo 31 - Cair e se levantar

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Uma semana depois

Hoje seria o tal jantar que Ana havia combinado com Miguel no dia que me fez a surpresa do "novo" apartamento. O jantar deveria ter acontecido a semanas atras para comemorar as novas aquisições, mas tantas coisas foram acontecendo que tivemos que adiar inúmeras vezes.

Eu estava adiantando meu turno na lanchonete pois as aulas do dia haviam sido canceladas, algum evento ocorreria na universidade, então Pedro me deixou trocar com uma das outras atendentes, assim poderia ajudar Miguel com os preparativos do jantar.

Ana estava tão feliz que não conseguia deixar de sorrir e eu claro não conseguia deixar de rir da sua cara de felicidade, a mulher estava literalmente nas nuvens só por que veria o que Miguel havia feito em meu apartamento ou nosso apartamento visto que ja estávamos a um bom tempo morando juntos, não morando juntos romanticamente feito casal, apenas como amigos que fique bem claro.

Eu honestamente acreditei que as coisas ficariam estranhas depois da nossa ultima briga, do acontecimento do maldito recorte na minha janela, mas ele era um idiota e conforme as horas ou dias se passavam era impossível continuar brava ou com algum clima estranho entre nós. Mesmo não querendo admitir eu gostava de te-lo por perto, havia me acostumado a nossas sessões de cinema, conversas, lanches noturnos ou simplesmente a presença reconfortante dele. Com ele me sentia segura de certa forma, era como um sopro de ar fresco em um dia quente de verão, onde eu sabia que poderia fechar os olhos e aproveitar a brisa sem medo de que nada me acontecesse, mas não conseguia fechar os olhos e ignorar todas as inúmeras novas sensações que Miguel despertava em mim, principalmente quando estava tão perto..

Não havia esquecido sobre o recorte, não tinha como esquecer, eu estava ansiosa havia dias querendo correr ate a biblioteca do campus e procurar mais informações,  tentar descobrir se aquilo era verdade, se meu pai havia morrido ou não, mas não sabia como fazer. Tenho certeza que se ligasse para o IML da cidade ninguém me daria tal informação e alem do mais isso poderia ser uma armadilha, uma forma de chamar minha atenção, me distrair.

Eu repetia todos dia para mim mesma que eu não havia ouvido aquela voz, que aquilo tudo era coincidência, afinal pessoas podem ter o mesmo timbre de voz, vozes bastante semelhante, mas algo me dizia que eu não estava com tanta sorte assim, que as coisas piorariam.


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_Miguel por Deus homem, nos ja estamos a meia hora olhando para essas garrafas. Pega qualquer coisa. - digo cansada segurando o carrinho de compras.

_ Mulher não me apresse - diz serio - se eu escolher as bebidas erradas tudo vai abaixo. Elas tem que harmonizar para o jantar ser perfeito.

_ Não sei para que isso tudo - reviro meus olhos deitando a cabeça sobre os braços  na alça do carrinho - nos só vamos comer juntos, no mesmo lugar, não entendo todo esse alvoroço sendo que ja fizemos isso varias vezes na lanchonete ou mesmo lá em casa, eu e você pelo menos.

_ Esse não é qualquer jantar Bela, é a primeira vez que você esta recebendo pessoas no sua casa, no seu lugar, um lugar que pela primeira vez você se permitiu ser seu, ter suas coisas...

_ Caso não se lembre você quem colocou tudo lá, eu não comprei nada, ela é mais sua que minha.

_ Deixa de besteira e você entendeu o que quis dizer - revira seus olhos e volta a encarar todas as opções de vinhos disponíveis nas prateleiras.

_ Você esta certo - bufo frustrada.

_ E não estou sempre? - diz rindo

_ Idiota! Agora eu estou nervosa, muito obrigado! - digo irônica -  Custava me deixar continuar sendo iludida por mim mesma de que isso não significa nada? - digo nervosa tirando pelos inexistentes do casaco.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora