- Capítulo 36 (cont... ) -

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— Você tem certeza que está bem? Eu não sei se deveríamos fazer isso hoje, na verdade não sei se deveríamos continuar com o plano, depois do que houve...

— Depois do que houve hoje é que precisamos realmente seguir com o plano.— Me viro para ele saindo do carro de Erik. — Eu não aguento mais sentir medo Miguel, não posso ter dois loucos atrás de mim ao mesmo tempo, não posso perder a chance de me livrar de pelo menos um deles. Essa é a nossa única e última chance, você sabe disso.

— Eu sei, mas você precisa entender Bela, isso foi só mais um sinal de que não deveríamos fazer nada, não até ter um plano melhor, mais assistência, mais ajuda, eu sei que confia em mim, mas não sei se somente nós quatro podemos manter você e Olivia seguras.

— Você consegue, eu sei disso! — dou um pequeno sorriso jogando a mochila nas costas seguindo a familiar trilha que dava no pequeno bosque que sempre treinávamos.


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Não podia negar o quão nervosa estava, era meio óbvio ao observar a coça que estava levando de Miguel, claro que sua irritação a cada erro bobo meu não me ajudava em nada, eu sabia que ele queria meu bem, que tudo isso era medo de que algo acontecesse, mas como queria enforcá-lo.

— De novo! — Miguel grita pela milionésima vez e meu corpo inteiro se arrepia querendo pular em seus malditos ombros e esbofeteá-lo. Me ergo do chão novamente, irritada, odiando cada célula do meu corpo por deixar que o nervosismo me afete. Eu queria limpar da minha mente o maldito encontro, me focar somente na tarefa de amanha, em prender o desgraçado e me livrar de pelo menos um dos inúmeros problemas em minha vida, mas não conseguia, era como se a maldita voz ficasse ecoando em minha mente "hora de voltar pra casa!" repetidas vezes.

Fecho os olhos respirando fundo, concentrando-me em como me senti incapaz, fraca, frágil por não conseguir me erguer, enfrentá-lo, mostrar que não era mais aquela garotinha assustada, sozinha, fugindo pelo mundo em busca de liberdade, agora eu tinha amigos, pessoas que se importavam comigo, uma família e não iria me render tão facilmente.

— Você está perdendo o foco Bela! Não deixe a raiva ou o medo te dominar, isso atrapalha os seus sentidos, te torna dispersa, irresponsável...

— Eu sei! — respondo irritada, sacudindo meu corpo em busca de algum alívio nos músculos doloridos. — Mais uma vez...

Ficamos um em frente ao outro, analisando a postura, as feições, os movimentos, esperando quem será o primeiro a atacar. Rodeando um ao outro mantenho meu foco nele, esquecendo de tudo ao meu redor...

— Você está pensando demais. Não pense Bela, apenas siga seu instinto, sinta o que seu corpo pede — Miguel diz dando um pequeno passo para frente me fazendo recuar. — Isso! Viu, seu corpo sabe que precisa fugir, manter distância, não lute contra o que ele pede.

Em um movimento rápido Miguel avança sobre mim, seus braços indo em direção aos meus ombros, tentando me imobilizar, mas consigo desviar rapidamente, ele sorri e continua suas investidas, desvio de três, quatro, cinco golpes, quando finalmente estava feliz acreditando que conseguiria me livrar de qualquer coisa Miguel em um movimento rápido e inesperado de suas pernas me faz perder o equilíbrio e antes mesmo que possa cair estou em seus braços presa em uma chave de pescoço.

— Nunca subestime o inimigo princesa — diz um pouco ofegante em meu ouvido. — agora se solte.

Respiro fundo tentando drenar todo o ódio e raiva por mais um fracasso, eu sabia como me livrar de seu cativeiro, estava a dias treinando vários e vários ataques distintos, eu poderia sair dessa, só precisava me acalmar, expurgar de mim toda essa inquietude, esse medo...

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora