Fiquei exatamente dois dias no hospital, ou nem chegou a isso. Os médicos insistiam em não me dar alta, não acreditavam na minha inexistente dor, na verdade começaram a usar isso como desculpa para me prender e obrigar a fazer vários exames desnecessários. Chegaram até a cogitar a hipótese de algum problema neurológico ou coisa parecida. Absurdo. Mas para a infelicidade de todos eu sabia que não era obrigada a ficar ali contra minha vontade, ignorei totalmente seus pedidos absurdos e me dei alta.
Claro que tive que assinar uma enorme papelada e ouvir milhões de reclamações, mas ignorei tudo e a todos. Primeiramente por que eu não estava sentindo dor, a perna incomodava somente para andar de resto mais nada e segundo que não possuía dinheiro para pagar as despesas do hospital, na verdade eu não possui nada. – Uma lagrima escorre por meu rosto quando penso que nem uma roupa para sair eu possuía e pior... eu não tinha para onde ir.
Fico sentada na cama com o coração em frangalhos, pensando onde poderia ir, tentando me lembrar de algum abrigo ou algo parecido, alguém que pudesse me acolher ou algum lugar em que pudesse me esconder mas nada me vem a mente.
A porta se abre e a simpática enfermeira entra, seus olhos refletem algo que odeio, pena. Ela vem caminhando até mim, em suas mãos uma pequena bolsa, sinto que ela esta um pouco sem graça então forço um pequeno sorriso.
_ Desculpa te incomodar querida. Mas todos nos ficamos sabendo que você perdeu tudo com o incêndio. Então... se você não se importar nós nos juntamos e compramos algumas coisinhas pra você. Não sabia se você se incomodaria com coisas usadas então achamos melhor comprar novinhas. É pouco mas acho que inicialmente pode te ajudar.
Meus olhos se enchem de lagrimas, não acreditando na bondade da mulher com uma pessoa que nunca viu na vida. Fecho meus olhos e prendo a respiração, não sabendo o que dizer ou fazer.
_Mu... muito obrigado. Vocês não precisavam. – digo enxugando o canto dos olhos. – Não posso aceitar isso... eu... eu não tenho como retribuir o gesto.
_ Ah querida! Se a gente não puder ajudar ao próximo nesses momentos, pra que servimos? E não foi nada, como te disse são poucas coisas mas compramos tudo com carinho e no tamanho certo. – me da um leve sorriso – Você não tem que retribuir nada, presente a gente da com o coração não esperando algo em troca. Espero que goste e não aceitamos devolução. – Dou um sorriso sem graça para ela que vendo meu desconforto ignora e se senta ao meu lado na cama.
_ Bom, deixa eu te mostrar. Se não gostar a gente pode dar um jeito. – diz abrindo a pequena bolsa que agora vejo se tratar de uma mochila. De lá ela tira uma calça jeans, uma legging preta, uma bermuda, algumas blusas de calor, frio, um casaco, um tênis branco, um chinelo e uma pequena bolsa com acessórios pessoais como calcinhas, meias, um sutiã, absorvente, escova de dente, sabonete, shampoo e condicionador.
_ Gostou? – me pergunta insegura.
_ Eu... adorei, não sei como agradecer. – engulo o nó em minha garganta – Muito, muito obrigado mesmo.
_ Ah querida não nós agradeça. Era o mínimo que poderíamos fazer. Tem certeza que você ja esta pronta para ir embora? – diz enxugando discretamente uma lagrima de seu rosto.
_ Eu estou bem. E como sabe... eu não tenho como pagar o hospital. – abaixo minha cabeça envergonhada, quando ouço batidas na porta.
_ Me desculpe interrompe-las. – O homem diz meio sem graça parado com seu corpo metade dentro, metade fora do quarto.
_ Não esta interrompendo nada tenente, estava apenas monstrando a essa mocinha as coisas que compramos para ela e tendo certeza que ela realmente esta bem para sair. Essa danada não quer ficar mais um tempo descansando de jeito nenhum – Me lança um olhar de reprovação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Confinada
RomantizmAriela nunca conheceu o lado bom da vida, desde que nasceu sua vida vida foi banhada em trevas, medo, escuridão. A única fagulha de felicidade e amor vinha de sua mãe, que lutava bravamente todos os dias para mantê-la segura e feliz por mais que iss...