Capítulo 44 - O cordeiro se tornou um lobo.

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Miguel

Assim que chegamos a porta dos fundos da cozinha, seguro Bela pelo braço, rapidamente parando seu avanço.

— Tem uma probabilidade de 90% de chance de já estarem nos esperando e você sabe que eles estão aqui por um único motivo, não sabe?

— Sim, por algum motivo insano eles me querem, agora o que não sai da minha cabeça é... para quem? Quem esta tão desesperado assim para me pegar, para arriscar tudo e vim aqui, assim, no meio de tantas outras pessoas?

— Pare com isso princesa — me aproximo segurando seu rosto com minhas mãos — essa é a ultima coisa com que deve se preocupar agora. Você precisa tirar isso tudo da sua mente e focar apenas em se manter viva, em fugir, sair daqui e entrar em contato com Erik. Esqueça todo o resto, esqueça as perguntas na sua mente, me esqueça e foque em você.  — ela confirma com a cabeça, mas posso ver em seus olhos o quão decidida esta em mandar meus conselhos a merda e permanecer ao meu lado.

— Eu estou falando serio Bela, nada de bancar a heroína. Eles não querem nada comigo, eles querem você. Não se entregue de bandeja para esses filhos da puta.

— Eu não vou —  diz confiante, sem qualquer traço de duvida ou medo  em seus olhos— Acabou o discurso? — Me olha desafiadoramente e não consigo segurar, rio.

— Ceus! Essa sua boquinha esperta vai ser a minha morte — sorrio e  lhe roubo um beijo, desejando com tudo em mim que não seja o ultimo. Me afasto e foco em seu rosto, seus olhos, sua boca, gravando aquela imagem linda em minha mente e antes de fazer um sinal para sairmos digo apenas mais uma coisa — Não se preocupe comigo, ok? Não importa o que aconteça eu vou achar uma forma de te encontrar, de chegar até você. — Ela confirma com a cabeça e posso ver o medo nos seus olhos e meu peito se aperta, por ver como ela teme mais por mim do que por sua própria vida.

— Pronta?

— Pronta.


Bella

Assim que a porta se abre sei que algo esta errado, tudo esta calmo demais, vazio, mas aquele arrepio familiar passa freneticamente por todo o meu corpo, me levando a loucura.

Miguel aponta para o estacionamento de carros e seguimos calmamente, quando um grupo de quatro homens param bem em nosso caminho.

— Demoraram hein? Dando uma rapidinha no banheiro? — um dos caras pergunta fazendo outros dois rirem.

— Nah! Nada comigo é rapidinho, se é que me entende — Miguel diz divertido, dando uma piscadela ao homem, se pondo em minha frente despistadamente, centímetro a centímetro enquanto provoca os homens, tirando sua atenção de mim. — mas não se ofenda cara, cada um tem seu tempo, não se sinta mal. — O rosto do homem escurece enquanto seus amigos rirem. 

— Chega de perder tempo. Peguem a garota e deem uma lição no engraçadinho. — Engulo seco e me preparo para a luta, mas Miguel vagarosamente vai nos puxando para trás, para trás, até que estamos perto do limiar de uma enorme área arborizada.

— Corre! Agora! — Miguel diz seu rosto levemente se virando de lado para que só eu possa ouvir. 

Olho para ele, lutando internamente entre manda-lo se ferrar e continuar aqui ou fazer o que deve ser feito, mas a decisão é tomada por mim quando o grupo se divide e veem em minha direção. Miguel grita dessa vez, me tirando do torpor e corro, o mais rápido que posso, segurando o gemer de dor quando alguns dos pontos repuxam em minha pele com o movimento e outros se arrebentam, tamanha a dor. 

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora