Capítulo 58

76 4 7
                                    


— Bella... — ouço fracamente a voz de Miguel, me afasto de seu corpo com medo, medo de que sua voz seja fruto da minha imaginação, da esperança, da dor que me consome ao se quer pensar em perde-lo. Olho em sua direção apreensiva, esfregando meus olhos com furor, tentando limpar as malditas lagrimas que embaçam minha visão, me impedindo de vê-lo, de ver a verdade.

— Para...  com ... isso. Você vai...  acabar... se machucando — diz sem fôlego.

— Oh Céus! Eu... eu achei... — Ofego cobrindo meu rosto. As lagrimas dessa vez me inundam tão fortemente que me sinto rasgar por dentro em um misto de dor e alivio, meu corpo tremendo tão fortemente que posso jurar que o carro acompanha cada movimento. Imersa em minha dor me assusto quando sua mão encostar em mim suavemente, puxando minhas mãos e me fazendo olha-lo.

— Mas que inferno Miguel! Pare de se mexer. — fungo. Ele ri, ofegando com a dor logo em seguida.

— Sinto...  muito querida, mas... — ele para recuperando o fôlego — nos precisamos sair daqui.

— Mas você... — olho preocupada para seu corpo, seu ferimento na cabeça sangrando mais e mais.

— Eu estou bem. Um pouco tonto, mas bem.  Você? — ele me olha e seus olhos parecem focar em mim verdadeiramente dessa vez, por que seu rosto se torce em uma carranca, quase me fazendo rir, quase — Você esta sangrando! — Seus olhos me varrem por inteiro — Se... machucou em mais...  algum lugar? Consegue se mexer? Acha que quebrou... — ele para de falar sem fôlego.

— Eu estou bem, nada que ja não tenha sentido antes, mas você não me parece bem. — fungo, tentando limpar as lagrimas que não param de cair. — Mas que inferno! Por que eu não consigo parar de chorar?!

— Você provavelmente esta em choque — ele começa a se mexer tentando soltar seu cinto, mas para ofegante seu rosto suando com a dor. — Filho da puta! — amaldiçoa.

— Fique quieto caramba! Você não sabe a gravidade dos seus ferimentos. — digo irritada —  O... Eric estava atras da gente, não estava? Me deixe chama-lo. Eu só preciso... onde diabos esta aquele radio?!

— Bella, eu sei que você esta com medo, mas nos precisamos... — nos viramos ao mesmo tempo quando ouvimos um barulho. Miguel olha ao redor, dor cobrindo cada feição do seu belo rosto, ele luta para se soltar do cinto, mas assim como o meu ele esta preso.

— Me deixe te ajudar com isso. — pego a faca que deixei no console amassado em minha frente e corto seu cinto. Miguel urra de dor quando seu corpo tomba para frente e ele bate novamente no volante. — Desculpa, eu achei que você estava preparado.

— Não... Não é culpa sua. — Mesmo morrendo de dor com cada movimento ele se contorce e tenta abrir a porta, mas não consegue. — Que inferno! Eu... eu estou preso Bela. Você precisa sair daqui. Agora! — Me apavoro vendo seu corpo estremecer a medida que se mexe e sua respiração se tornar cada vez mais ofegante.

— Não mesmo! Eu não vou te deixar aqui sozinho Miguel. O Eric vai nos encontrar, ele estava perto de nós ele disse, eu me lembro disso. — Sem esperar que ele diga qualquer outra coisa, pego a bolsa no meu colo e uso para tirar os vidros quebrados restantes da janela ao meu lado, aquando todos se vão e não corro mais risco de me machucar mais ainda, jogo a bolsa pela janela e respirando fundo me contorço por ela saindo do carro, tento ser cuidadosa, mas estou mais ferida do que imaginei, não aguentando segurar meu corpo desabo no chão perdendo todo o ar.

— Bela! Pelo amor de Deus, que... 

— Para de falar — digo sem fôlego — só feche essa maldita boca uma vez na vida caralho. — Me arrasto até a lateral do carro e me levanto, mordendo minha bochecha para não gritar de dor. MInha camisa e calças estão encharcadas de sangue, minha perna esquerda dói como o inferno, assim como minhas costelas, mas ignoro e sigo adiante.

Você já passou por coisas assim Bela, coisas piores até, você consegue!
Você tem que conseguir! Repito para mim mesma a cada passo.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora