Capitulo 1 | O começo

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Não sei bem quando tudo começou a desmoronar, talvez tenham sido tragédias demais seguidas ou talvez somente aconteceu por que deveria ter acontecido, o destino as vezes é um filho da puta, fazer o que?!


Alguns anos atras...

Já não era a primeira, quinta, nem trigésima vez que meu pai chegava em casa bêbado, ao que tudo indicava um dia tivemos uma boa vida, talvez não fossemos exageradamente ricos ou coisa parecida mas não passávamos as necessidades que passamos agora. Honestamente não me lembro de ter vivido nessa época de ouro, na minha cabeça sempre cresci e vivi na era das trevas apelido carinho dado por minha avó para o momento que perdeu seu filho para o álcool.

Meu pai havia anos sofrera um acidente de trabalho, isso foi alguns anos após meu nascimento, pelo menos é o que vovó deixou escapar uma vez em suas varias crises de lamentação pelo filho perdido. Na verdade ninguém ousava falar nada sobre tal época, sobre o passado ou na verdade ousa-se falar sobre qualquer coisa nessa casa, quando meu pai chegava tudo morria.

Minha mãe apesar de tudo sempre foi um raio de sol brilhando em minha vida, ela fazia de tudo para ser meu raio de sol cegante, aquela que com sua intensa luz e calor espantaria todo o mal em minha volta, me fazendo apenas focar em seu amor, carinho e proteção. Mas infelizmente todo o seu esforço era em vão pois era impossível esconder aquele mundo feio. Por mais colorido que ela o pintasse, eu podia ver entre as camadas as varias manchas negras.


Quando meu pai não estava em casa tudo era felicidade, mamãe ignorava tudo e se dedicava a mim, ficávamos horas brincando, conversando, desenhando, eram os melhores momentos do meu dia, ela era a felicidade em pessoa mesmo com aquela nuvem negra pairando ao seu redor. Quando éramos apenas nos duas não existia tristeza no mundo, não existia dor, éramos felizes na nossa bolha até papai chegar e estoura-la.

Assim que colocava os pés em casa sua toxicidade já absorvia toda a alegria e o ar da casa, parecia que ele carregava o mal consigo, cheguei a pensar varias vezes que ele fosse o próprio demônio encarnado. Papai não precisava se quer avisar de sua presença, tudo mudava ao seu redor, tudo ficava pesado, sufocante e mamãe perdia sua leveza, seu brilho, sua felicidade e passava para seu modo retraída, sem vida, de olhar sempre cabisbaixo, ombros curvados e sendo o saco de pancada de papai sempre que o mesmo chegava bêbado como um gamba precisando de algo para aliviar sua raiva.

De acordo com que fui crescendo fui entendendo melhor o que se passava naquela casa, passando a ser quase uma mini copia de minha querida mãe que a cada ano que passava assim como eu definhava mais e mais. 

Papai não deixava mamãe trabalhar fora, tinha um ciume doentio, dizia que ela era bela de mais para o seu próprio bem, o que não era mentira, mesmo tão magra e com semblante cansado mamãe sempre parecia linda, nada conseguia apagar sua beleza, nem a maldade de papai.

Comecei a questionar seu comportamento, a avaliar melhor tudo que fazia, perguntava a mamãe o por que dele ser tão mal conosco, não passava por minha cabeça por que tínhamos que passar por tudo aquilo. Papai não deveria amar a nos duas? Tratar bem? Por que todas as historinhas que mamãe lia pra mim eram felizes e a minha historinha não era?

Quando fiz dez anos meu pai começou a dividir sua atenção, deixando de focar somente em minha mãe e passando a enxergar a filha a qual parecia não perceber a existência ate o momento. Foi a partir dai que meu pai não encarnou só o demônio mas também trouxe o inferno para a terra.

Mamãe passou a sofrer muito mais, interferindo entre mim e ele, não deixando que o filho da mãe me encostasse um dedo sequer, bom... quando ela conseguia. As vezes papai batia tanto em minha mãe que ela desmaiava e não tendo mais em quem descontar sua raiva ele partia para cima de mim, mas era rara as vezes em que conseguia me pegar. Mamãe a algum tempo vinha me treinando, me ensinando a fugir pela janela, me esconder, ser uma sombra em nossa própria casa e principalmente nunca encarar ou afrontar papai, bem... essa parte digamos que não foi muito absorvida por mim.

Em uma das varias noites bêbado papai me pegou como alvo de sua fúria, me ameaçava de ser a copia fiel de mamãe, me proibiu de ir a escola, prendendo nos duas dentro de casa, claro que todos perceberam que algo estava errado e dias depois o conselho tutelar estava batendo em nossa porta. Ali ignorei todos os ensinamentos de mamãe e tentei pedir ajuda discretamente a assistente social que conversava comigo, claro que não cheguei falando tudo que se passava conosco eu não era ingênua, porem a esperança logo foi apagada quando a moça de olhar gentil e sorriso acolhedor disse que me separaria dos meus pais se algo errado estivesse acontecendo. A partir daquele dia parei de tentar conseguir ajuda, minhas esperanças morreram, não ligava para o desgraçado do meu pai, ele que se explodisse, mas mamãe era meu porto seguro, meu tudo, meu raio de sol, eu não poderia deixar ela sozinha com aquele homem, ele iria acabar matando-a.

Papai foi obrigado a me deixar permanecer na escola, o que só piorou sua ira sobre nos. A partir daquele dia esperava papai sair para sei la onde sempre ia e corria para a escola e assim que o sinal da saída tocada voltava o mais rápido possível para poder ter aquelas horinhas felizes com minha mãe antes que ele chegasse e o inferno começasse de novo.

Os anos foram se passando e minha paciência para aquilo tudo ia diminuindo, eu rezava todos os dias para que finalmente conseguisse convencer mamãe a fugir dali, eu sei que nosso estado não era bom, não tínhamos emprego, não tínhamos dinheiro, na verdade mal sabia como ainda permanecíamos vivas. 

Papai gastava todo o dinheiro de sua aposentadoria por incapacidade bebendo, mal comprava mantimentos para casa, o que nos salvava era a cesta básica que ganhávamos do estado e algumas raras compras que papai fazia quando parecia perder o efeito do álcool e chorava como um menininho nos pedindo desculpas. Sempre que isso acontecia parecia que eu estava imersa em algum mundo paralelo, papai chegava cheio de bolsas de compras, com frutas, carnes, verduras, legumes e ate doces pra mim, era somente nessas ocasiões que conseguimos o bastante para permanecermos ali firmes e fortes lutando por nossas vidas. Mas isso acontecia o que? Uma vez por mês? Não sei, tinha medo de perceber um padrão e criar expectativas.


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Hey gente!

E ai curtiram o capitulo?

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Nos vemos em breve.

Beijos! ;D

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