Capítulo 32 - Partilhar (cont...)

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— Por favor, querida, pare... não precisa falar mais nada. Por favor! — Ana corre até mim, me prendendo em seus braços quase derrubando Miguel de sua cadeira.

— Eu sinto tanto... Você não precisa reviver tudo isso por nossa causa, nós sabíamos que algo havia acontecido, mas não imaginava que fosse algo tão... - Ana fecha os olhos se recompondo - Me desculpe fazer você passar por isso, por insistir...

— Mas vocês estavam certos, vocês precisam saber no que estão se metendo, me deixando entrar na vida de vocês.

— Pode parar com isso! — diz brava — Bela, eu sei o quão difícil deve ser para você confiar em alguém depois de tudo isso e eu não te julgo, afinal como confiar em alguém quando seu próprio pai, a pessoa que deveria te amar e cuidar de você incondicionalmente, aquele que você deveria confiar as cegas, fez isso com você. Eu entendo, realmente entendo, mas não deixe que uma pessoa dite sua opinião sobre todos, Bela, ninguém é igual a ninguém e tenho certeza que todos esses anos passando pelo que passou te fizeram ler bem as pessoas, saber quando confiar ou não.

— Sim, mas... para que confiar se no final vou ser sempre eu, sozinha — digo em um fio de voz, não querendo olha-la.

— Oh! querida — ela me prende em seus braços — Você nunca esteve sozinha, sua mãe ficou anos ao seu lado o máximo que pôde te mantendo segura e tenho certeza tentando fazer os seus dias os melhores que ela poderia te proporcionar. E tenho certeza que em todos esses anos você foi encontrando pequenos anjos que te ajudaram a te manter viva e bem mesmo sem você saber ou aceitar, pense mais sobre isso depois e você vai ver que mesmo quando você acreditou estar sozinha você tinha alguém ao seu redor, só estava ocupada demais temendo pela própria vida para perceber.

— Você é especial Bela, quem vê o que vemos em você, não pensaria duas vezes em fazer tudo para que você fique bem e feliz. Nós estaremos sempre do seu lado, não importa o que, somos uma família, lutamos juntos! Nós nunca desistimos dos nossos, você precisa entender de uma vez por todas que o seu passado não te define, muito menos as pessoas dele. Você é você, simples assim e merece tudo que possamos fazer para ajudar. — Pedro diz se ajoelhando em minha frente, enquanto segura uma de minhas mãos.

— Eu juro que se eu pudesse escolher, as coisas seriam completamente diferentes. Eu seria diferente, eu não sei o que vai restar de mim se algo acontecer com vocês — soluço me agarrando em Ana.

— Nós não queremos que você mude Bela, queremos que você seja você, apenas isso. Queremos que pare de se culpar tanto, de ter tanto medo e aproveite a vida. Você não está mais sozinha, coloque isso nessa cabecinha linda. A vida é uma enorme incerteza, a todo momento corremos perigo e não fazemos ideia. Não vale a pena ficar se prendendo e se privando por algo que não está em nosso controle.

— Mas pelo menos nisso eu tenho controle — respondo exasperada — se eu não estivesse tão próxima de você, ele não teria se aproximado, não teria acabado com o apartamento de Miguel ou até mesmo ligado para a lanchonete te assustando.

— Talvez sim, talvez não, nós nunca iremos saber, por que isso seria uma outras realidades, as coisas seriam diferentes de tantas formas que é impossível saber como tudo aconteceria, então pare de ficar se machucando, pensando em tudo que poderia ser e pense em como realmente são. Você está aqui, agora, com pessoas que te amam, com amigos e se você se permitir, como uma família de braços abertos para te acolher. Você querendo ou não nós já estamos nessa juntos e você não vai conseguir se livrar da gente tão fácil.

— Não mesmo — Pedro aperta minha mãe em apoio.

— Nós te amamos Bela, você já é uma de nós, você não tem escolha — diz me lançando uma piscadela — Aceita que dói menos. — ele ri e eu reviro meus olhos, fungando.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora