Capítulo 54 - O que vem a seguir - cont...

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Miguel

Já  era madrugada e não havia nenhum sinal do desgraçado..

Eu sabia que não cumpriria sua ameaça, ele não era idiota em achar que poderia simplesmente aparecer e exigir Bela. Suas palavras foram mais um aviso de que ele estava pronto e preparado para toma-la, mas lhe daria a chance de ir por livre e espontânea vontade e caso não o fizesse sabia bem onde mirar para atingi-la.

Em outras palavras "Você vai vir comigo de um jeito ou de outro, agora é sua escolha se alguém sai ferido disso ou não", idiota arrogante.  

Quando colocar minhas mãos nele... 

— Se você trincar mais esse maxilar vai acabar quebrando alguns dentes — Caio diz se aproximando —  Que tal me contar o que esta havendo ao invés de gastar um absurdo em dentista no futuro?

— Me incomoda perceber o quanto esse cara sabe apertar os botões certos com Bela. Como ele a manipula maravilhosamente bem para fazer o que ele quer — praticamente rosno irritado. — Como? Como ele pode fazer isso com ela? Se ele se vangloria por protege-la, por querer sua segurança, como ele pode machuca-la? Faze-la sofrer tanto assim? Me dz.


— Ele é um sociopata Miguel, o terror de Bela, seu sofrimento e tudo o mais não faz a menor diferença para ele, ele não tem empatia por nada nem ninguém. A única coisa que importa é o seu objetivo e ele sabe como usar tudo a seu favor, suas palavras, sua aparência, sua linguagem corporal. Não me admira que ele seja tão bom no seu trabalho, mas me admira o controle dele, afinal a maioria dos sociopatas não são pacientes, eles tomam o que querem quando querem e ponto.

— Não vejo ele como alguém paciente, vejo como um sádico que parece se deliciar com o medo e a dor dos outros. Ele gosta desse jogo de gato e rato, gosta de ser o predador, de fingir dar a Bela um controle que ela nunca teve sobre sua vida.

— Em certo ponto você tem razão, mas sim, ele é muito paciente. São anos de perseguição Miguel, anos nessa brincadeira doentia. Se formos honestos ele teve muitas chances de pega-la em todos esses anos, mas não o fez e eu fico me perguntando o por que?— olho para ele pronto para argumentar, mas ele me para com um pequeno aceno — Sim, eu sei, você vai me dizer que é o jogo, a caça, mas não é isso.

— Como pode não ser? O que mais seria?

— As vezes me pergunto se esse policial não era um stalker? No inicio se contentava apenas em vigiar Bela, saciando a sua obsessão, sem fazer mal algum. Não que fosse certo um homem vigiar uma criança, era uma perversão de qualquer forma, mas ele ficava na sua, sem contato, sem invadir o espaço de Bela, sem forçar nada, apenas observando ao longe. Mas dai as coisas mudaram e ele se viu obrigado a tomar uma atitude e talvez seja essa mudança, que eu imagino ser a morte dos pais da Bela, que tenha feito ela pensar "E se eu pudesse te-la ao invés de somente observa-la?", a partir dai ele começou um novo jogo, onde vê-la já não era mais o suficiente. Creio que como Bela ainda era uma criança ele achou que seria fácil te-la, mas ela complicou tudo quando fugiu.

— Faz sentido. Sem os pais ela acabaria indo para o juizado de menores, sendo encaminhada para algum abrigo ou família adotiva temporária até que analisassem tudo e tentassem encontrar algum parente, antes de coloca-la no sistema.

— Exatamente e ele não estava disposta a perde-la então ele teve de tomar uma atitude, mas acabou sendo surpreendido. E foi assim que começaram um novo jogo, onde ele era o caçador e ela a presa e o premio final era ela. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para ele, afinal ele conseguiria saciar novamente seu desejo de persegui-la sabendo que agora não havia mais nada que pudesse impedi-lo de te-la, afinal ela estava sozinha, quem iria protege-la, quem iria impedi-lo?

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora