Capitulo 3 | Como seria a sensação de liberdade?

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Aquele dia começou como qualquer outro, eu e mamãe dormindo no colchão no chão de meu quarto, uma bem agarrada a outra, a cômoda bem enfrente a porta bloqueando qualquer tentativa de papai entrar e nos pegar. Quando os primeiros raios de sol tocaram meu rosto percebo que já estava na hora de levantar e começar a me preparar para a escola. Mamãe com muito carinho havia lavado meu uniforme no pequeno tanquinho que havia do lado de fora da casa, deixando o mesmo secar atras da nossa velha geladeira.

O que possuíamos em nossa casa era da época de ouro da vida de papai e mamãe, quando caímos para a época das trevas nada mais foi comprado, arrumado ou se quer trocado. Mamãe agradecia a Deus todos os dias por a geladeira nunca ter dado um defeito se quer, já o fogão não funcionava a anos, tudo que comíamos era feito no fogão a lenha improvisado que criamos do lado de fora da casa, infelizmente não conseguimos fazer papai comprar um novo nem quando sua consciência pesava por tudo que nos fazia.

Se não bastasse tudo que passávamos logo hoje o universo quis me castigar com a praga de Eva, eu havia finalmente virado mulher, chorei muito no colo de mamãe, ela como sempre me acalmou com sua bela voz, me ensinou a usar o bendito absorvente, me explicou tudo que mudaria em meu corpo e hormônios, os perigos, os cuidados e tudo mais. Foi lindo aquele nosso momento mãe e filha, ficamos o dia inteiro juntas, conversando, arrumando a casa, rindo, cantando, dançando, parecia que ver seu bebe se tornando finalmente uma mulher foi o auge de seus últimos anos.

Estávamos sentadas no safa da sala, assistindo em nossa velha Tv um filme qualquer, ainda estava claro então não precisamos nos preocupar com a chegada de papai tão cedo, bem isso era o que pensávamos.

Alguns minutos depois a porta é aberta com brutalidade, não precisávamos nos virar para saber quem era, desligamos rapidamente a Tv e mamãe como sempre tentava me tirar de seu lado e me obrigar a esconder em algum lugar da casa, porem algo me dizia que eu não deveria abandona-la, que alguma coisa estava estranhamente errada hoje.

_ Luana! Onde você esta sua filha da puta! Eu já disse que você deveria receber seu marido na porta – grita pela casa aos tropeços.

_ Por favor Ariela se esconda, seu pai hoje parece que esta pior que o de costume.

_ Não mãe, já chega!. A gente não pode viver assim o resto da vida, entendo quando era criança mas agora podemos  dar um jeito.

_ Não filha por favor, só se esconda. Você sabe que não teríamos a mínima chance nesse mundo sozinhas, não temos dinheiro, amigos, família, nada.

_ Luana! Eu vou quebrar sua cara mulher. Tem outro homem aqui é isso? Por isso esta se escondendo? - a voz ia se aproximando da sala em que estávamos.

_ Não mãe! Eu não vou deixa-la sozinha dessa vez. - digo segurando sua mão firmemente e a puxando para o canto mais afastado da sala.

_ Ai estão vocês! 

Foi a única coisa que papai disse antes de nos olhar com aqueles seus olhos sem alma e partir pra cima de mamãe sem qualquer explicação.

Gritamos com o susto, afinal de contas como alguém tão bêbado poderia ser tão rápido? Empurro o maldito, me impondo pela primeira vez na vida contra seus abusos.  Parece que subestimo a força de meu adversário, papai sem nem olhar em minha direção me empurra para longe, me afazendo acertar com tudo a parede do outro lado da sala. Fico meio zonza mas me levanto e pulo sob suas costas, fazendo-o interromper seus golpes contra mamãe. O ódio me consome, agarro seu rosto com minhas mãos e o arranho com o máximo de força possível, o fazendo soltar um urro de dor, ele vai andando desnorteado pela pequena sala batendo comigo em todos os lugares possível para que o liberasse, porem eu ja estava acostumada a sentir dor,  quem diria que o feitiço se viraria contra o feiticeiro?

Mamãe grita caída no chão mas ignoro seus gritos, sei que é apenas o desespero de me ver pela primeira vez lutando por nós. Por anos aceitei seus pedidos que me calasse, me tornasse invisível em nossa própria casa, fugisse quando necessário e principalmente me esquivasse de qualquer suspeita ou atenção demasiada. 

Graças a mamãe eu era um fantasma, desde criança treinada na arte de se esquivar, esconder e desaparecer, graças a ela sofri bem menos do que iria e não só por isso mas por tudo que ja fez por mim eu iria finalmente nos libertar desse monstro.

_ Para pelo amor de Deus Lucio! Para de machucar minha filha! – Mamãe gritava com sua voz mais rouca que o habitual, devido o desgraçado ter tentado enforca-la. Filho da puta!

Continuamos nossa luta, papai por ser forte me derruba no chão, indo com tudo para cima de mim, me dando socos, tapas e chutes em qualquer lugar que sua mão ou pé atingisse. Mamãe chorando e um pouco cambaleando tenta puxar o mesmo de cima de mim, tento alerta-la mas já é tarde de mais, o filha da mãe viro com tudo lhe acertando em cheio no rosto, mamãe cai desmaiada, grito de dor e de ódio ao ouvir o som de seu corpo caindo no chão, olho para a cara do próprio diabo me encarando com seu sorrisinho maligno e aqueles olhos vazios de qualquer humanidade, o ódio me toma em seu nível máximo, meu corpo treme, minhas mãos transpiram, meu coração acelera e junto dele a escuridão me toma.


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Hey gente!

Tudo bem?

E ai curtiram o capitulo?

Me diz ai vai! Nada de timidez 😉

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Nos vemos em breve.

Beijos

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