Capítulo 29 - Um sorriso talvez?

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Miguel

Ja fazia alguns dias que Bela havia saido do hospital, desde a nossa conversa, briga, não sei bem o que foi aquilo ela ficou em seu mundinho, mais quieta, pensativa. Eu não sabia se estava com raiva de mim, se me queria ao seu lado então lhe dei espaço, não querendo forçar nada porem confesso que me assustei quando ela me convidou para ficar em sua casa por um tempo, ate que meu apartamento se tornasse habitável novamente.

Ana, Pedro e Olivia ficaram tão estupefatos quanto eu, ninguém entendeu de onde vinha aquilo mas todos agradecemos internamente pois estávamos criando coragem para decidir quem seria o sortudo a tentar convence-la a ficar na casa de um de nos. Ela não poderia ficar sozinha depois de tudo que passou, ainda mais depois de tudo que começamos a suspeitar. Por mais que Bela não gostasse disso todos nos estávamos ainda mais atentos a ela, a seus passos, a tudo que a envolvia. Ela valia a pena cada risco, cada investimento do nosso tempo.


Bela acreditava ser a principal responsável pela destruição do meu apartamento e por isso dizia que me oferecer abrigo quando eu não tinha um lugar adequado era o mínimo que poderia fazer visto que eu nua aceitaria um centavo seu para ajudar nos reparos. Todos nos tentamos argumentar, dizer que ela nunca seria a responsável pelos atos insanos de outra pessoa, mas quem disse que ela ouvia? A única palavra que saiu de sua boca apos isso era:

_ Você já é um menino crescido, ficar ou não é decisão sua - após isso simplesmente se virou e voltou para seu quarto, se sentando em uma cadeira ao lado da janela perdida em pensamentos.

Ninguem estava feliz com seu novo estado, ela estava quieta demais, porem todos entendíamos  que fazia parte do seu processo de cura de como funcionava. Avaliar, medir os pros e contras, arquitetar planos e sub-planos, era o modo dela de lidar com tudo, mas pelo menos estava deixando que alguém estivesse ali ao seu lado.


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Os primeiros dias "morando juntos" foram um pouco constrangedores, Bela estava timida, um pouco receosa, pensei varias vezes em recusar a oferta e procurar um hotel ou até mesmo aceitar o convite de Ana e Pedro e ficar com eles por um tempo mas eu não podia deixa-la sozinha, não assim tão triste, quieta, pensativa... 

Seu apartamento era vazio, a sala não possuía um movel se quer, nada de TV, Sofá, nada, Bela tinha somente o minimo para se viver, uma cama, um pequeno armário embutido e uma cozinha completa alem do banheiro claro, mas tirando isso nada mais, era como se soubesse que em algum momento sairia dali então para que se importar em colocar um pouco dela mesma no lugar?  Tive a certeza disso quando notei que todos os dias ao ir para o banho ela retirava uma enorme mochila de dentro do armário e pegava suas roupas e o que mais fosse preciso, isso me irritava completamente, me irritava e entristecia saber o quanto ela sempre estava alerta, com medo e preparada para o que der e vier. Ninguém merecia viver assim, sempre no limite, com medo, sempre tentando estar um passo alem de tudo e todos.

_ Ei Bela! O que você vai fazer agora? - grito da cozinha, onde estava a ultima hora guardando algumas das coisas de cozinha que eram de meu apartamento e agora seriam dela, não que ela soubesse, mas eu não tinha a mínima intenção de levar nada do que trouxe para casa novamente.

_ Nada, já terminei tudo que precisava fazer por que? - Ela vem andando descalça penteando seus longos cabelos molhados, o seu cheiro me atinge tão fortemente que por um momento só consigo ficar ali parado feito um idiota sem qualquer reação.

_ Será que você poderia me ajudar em uma coisa? - digo limpando minha garganta.

_ Claro - ela da de ombros.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora