Capítulo 38 - Ora ora! (continuação part 2)

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Me contorço em busca de ar, mas o forte aperto da mão sobre meu rosto dificulta qualquer tentativa. Começo a me desesperar quando meu corpo protestar pela falta de oxigênio, me contorço, grito, faço tudo que posso tentando me livrar do seu cativeiro, mas não consigo. Por mais que o acerte, que o arranhe, o machuque, seu aperto não diminui em nada.

Minutos que mais parecem horas se passam, seu aperto continua possessivo, forte sobre mim, meus pulmões começam a arder, sinto minha visão escurecer lentamente ao redor, lágrimas saem dos meus olhos, meu coração se aperta ao saber que esse seria meu fim. Fecho meus olhos, tentando pensar em coisas boas, nas minhas melhores lembranças, precisando pelo menos desse acalento para me despedir de todos que amo... nenhuma lembrança vem, mas posso ouvi-lo, ouvir sua voz claramente em minha cabeça, gritando, implorando... 

"Respire Bela, se concentre! Você consegue! Não lute, use sua força e seu tamanho para se livrar dele!"

"Você consegue!""

"Fuja"

"Volta pra mim!".

Congelo ao ouvir novamente suas últimas palavras, sua voz repleta de dor, um pedido, uma prece, implorando que volte, que volte para ele.

Me concentro em tudo que fizemos durante todos os últimos dias, todo o nosso treinamento, nossas conversas. Tomo pequenas lufadas de ar, tentando acalmar meu coração, precisando me manter sob controle para fazer o que deveria ter feito, mas assim como Miguel havia me alertado, a realidade é bem diferente de um treino qualquer. As emoções se misturam, o medo toma conta tantas vezes que o ar parece ficar preso em meus pulmões, o corpo parece travar, entrando em um completo estado de inércia.

Notando minha resignação, seu aperto se afrouxa, permitindo me finalmente respirar com mais facilidade, apesar da tensão posso notar meu corpo "relaxar" com a nova conquista, mas o bem estar dura pouco. Posso sentir o prazer pela suposta vitória emanando de seu corpo, como se sente confiante, poderoso, invencível. Com toda a confiança de que esse ja era um jogo ganho, sinto seu toque em mim se torna menos agressivo, a dor de seu forte aperto se vai, mas a possessividade de seu contato continua presente, me dizendo que não importa o que eu tentasse eu era dele. Inesperadamente sinto o ar de sua respiração em meu pescoço, me arrepio com a aproximação, ele toma isso completamente ao avesso, acreditando que estava apreciando seu toque, me derretendo em seus braços, quando na verdade estava com nojo, me sentindo suja a cada toque. Seu nariz trilha a base do meu pescoço, me cheirando, me lambendo, soltando suspiros de apreciação, me prendendo mais e mais ao seu corpo me deixando sentir o quanto estava apreciando cada momento, cada toque.

Meu corpo se enrijece, meus olhos se enchem de lágrimas, minha pele coça pela imundice de seu toque em mim, meu estômago se revira tamanho nojo, mas permaneço firme, precisando abrir uma breja, precisando atacar no momento certo, por mais que isso me quebre... me viole... me marque.

Quando o momento perfeito se aproxima, pego-o desprevenido, dando uma cotovelada certeira em seu estômago, ele se encolhe me soltando, corro no mesmo instante, porém ele me alcança rápido demais me puxando fortemente pelos cabelos, fazendo lágrimas saírem dos meus olhos tamanha dor. Grito quando sou arremessada em direção ao espelho da parede, o vidro se quebra com o impacto e caio no chão sentindo suas pontas afiadas me cortando em várias partes.

Meu corpo queima, o sangue flui por minha pele, a ardência dos cortes piora a cada movimento, mas não desisto, olho ao redor, procurando algo, precisando de uma arma desesperadamente. Me arrasto pelos cacos, gemendo de dor, tentando alcançar um grande pedaço de vidro em minha frente, precisando de uma arma, uma vantagem, assim que meus dedos encostam no material perco o ar, meu corpo sendo fortemente preso ao chão.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora