Capítulo 42 - Apos a tempestade vem...

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Miguel

Você ja teve algum mal pressentimento em algum momento da sua vida?

Aquele encomodo na boca do seu estômago, um arrepio gelado correndo por todo o seu corpo, a sensação horrível de que algo ruim esta se aproximando e por mais que você tente fazer algo, você não é capaz, por que você malditamente não faz ideia do que esta por vir.

Tive algumas por toda a minha vida, muitas me salvaram, outras ignorei e acabei levanto um belo chute nas bolas do universo. Um preço justo a se pagar por deixar de ouvir seu aviso. E mesmo assim continuo cometendo o mesmo erro, continuo deixando esses alertas passarem, fiz isso naquela maldita festa e o mesmo se repetiu ontem, quando Bela jogou a bomba sob nós. Eu sabia, naquele momento que algo estava por vim, pensei, analisei e dissequei cada mínima informaçãozinha que ela nós deu, pensando em todas as ramificações possível e cheguei a melhor das soluções. Não me arrependo da escolha que tomei, que tomamos, mas não imaginei que o preço para salva-la seria tão caro

Depois de todo aquele interrogatório, Bela havia se perdido dentro de si mesma, não tem como culpa-la por isso, ela não teve um minuto de paz por aqui. Primeiro a visita inesperada daquele maldito policial que vem a perseguindo por anos, seu pesadelo personificado ali, bem em sua frente, sendo ameaçada pelo sujeito que cisma ser seu dono, cisma que seu tempo e vida lhe pertencem. Desgraçado! Depois teve os idiotas dos policiais, bem... um era idiota o outro era gente boa até, mas mesmo assim, eles lhe fizeram reviver muitas coisas do passado, trazendo a tona lembranças que desencadearam outras lembranças e assim puxaram cada vez mais Bela para um lugar profundo em sua mente, um lugar escuro, doloroso demais.

Apos esse "encontro"que para mim foi mais uma intimidação que tudo, peguei Bela frequentemente olhando para o nada, perdida em pensamentos e aqueles lindos olhos que antes brilhavam com tenacidade, agora estavam opacos, sem vida, tirando o inferno de mim. Toda vez que eu via aquele olhar, eu sentia todo o meu sangue se esvair, morria de medo que ela se perdesse tão profundamente naquelas lembranças que um dia não conseguisse sair de la, não conseguisse voltar para mim.

As noites se tornaram nosso pior pesadelo, Bela não dormia direito, sempre inquieta, tremula, tendo pesadelos ao qual não conseguia se quer falar, ficando cada vez mais perdida dentro daquelas memórias, passando seus dias deitada, olhando para a parede, como se não visse nada, nem ninguém na sua frente, como se tivesse sido transportada para outro mundo, um lugar onde nada nem ninguém existisse... nem ela mesma.

Meu coração ficava prestes a sair do peito em todos esses momentos e eu me deitava ao seu lado, abraçando-a com todo o carinho, sussurrando em seu ouvido o quanto ela era forte, o quando nós a amávamos e precisávamos dela, como estávamos orgulhosos, felizes e doidos para que ela voltasse para casa, para poderem paparica-la o dia inteiro, até ela nos expulsar ou ameaçar atirar todos nós pela janela. As vezes, esse carinho, essas palavras, funcionava e ela voltava para mim, ainda um pouco confusa, como se passado e presente se misturasse e ela não soubesse bem em qual deles estava, mas em algumas raras vezes ela apenas me apertava forte e agradecia por eu estar ali, por não desistir dela e por ser seu farol. Aquilo aquecia e partia meu coração da mesma forma, por que eu via que apesar de toda a dor ela lutava sempre para voltar, para sair daquele torpor, mas todo aquele estresse, aquela tristeza, estavam cobrando seu preço.

Em um dos inúmeros dias em que dormimos um nos braços do outro, pois parecia ser a única forma de acalma-la ao ponto de realmente faze-la dormir, acordei com essa sensação estranha, esse medo rugindo em minha mente e na boca do estômago, a sensação era de que algo queimava meu peito. Abri meus olhos, completamente desperto e notei que o que me queimava era Bela, ela estava queimando de febre, suando tanto que havia deixado nos dois molhados com seu suor, eu mal conseguia permanecer com as mãos nela de tão quente. Tentei acorda-la, mas ela parecia não ouvir, os fracos sons que saiam de sua boca, pareciam um canto lamurioso de dor, medo e tristeza.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora