Capítulo 50 - Te peguei!

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— Que diabos esta acontecendo aqui Olivia? — digo um pouco mais suavemente, não querendo piorar a situação e acabar sem respostas, mas estava difícil controlar todos os terríveis pensamentos que invadem minha mente, porque aquilo não podia estar certo, eu com certeza havia pego o que quer que fosse completamente fora do contexto. Tinha de ser isso, ela... Olivia não faria isso comigo, ela não me trairia assim, trairia?

Fecho os punhos com força, sentindo a picada de dor em cada ponto que minhas unhas cortavam minha pele, me inflingir dor parecia ser a única maneira de me controlar e continuar soando tão gentil quanto estava sendo, por que no fundo eu só queria correr até ela, sacudi-la até que toda a merda saísse de sua boca, que ela esclarecesse tudo e me dissesse que era loucura, que eu havia ouvido errado, mas... ela não diz nada, se quer parece me ouvir, estava em choque ao que parece.

 Olivia era uma completa bagunça, seu corpo tremia visivelmente, honestamente mal sabia como ela ainda conseguia se manter em pé daquele jeito e as lagrimas, um riacho delas escorria por seu rosto, o que só fazia meu coração se apertar mais e mais, não por sua dor que nesse momento não me importava, mas pela munição que cada minuto de silêncio dava aquela vozinha dentro de mim, aquela voz que sempre duvidou de tudo e de todos, a mesma voz que havia me avisado, que havia plantado aquela sementinha de duvida em mim desde o inicio, mas fui ingênua demais e resolvi ignorar, por que bem no fundo, por mais que lutasse, por mais que repetisse o contrario varias vezes para mim mesa... sempre soube que não queria viver assim, sozinha para sempre, que uma hora teria de me permitir ser feliz, mas... parecia nunca ser o momento certo, então me joguei, me permiti, apesar de sempre manter o pé atras, de sempre esperar que algo ruim acontecesse, por que bem... sempre acontecia.

Eu acreditava que estava fadada a esta vida de merda, que por mais que lutasse, no fundo só me restariam duas alternativas, uma vida inteira fugindo ou o restante dela infeliz ao lado de um homem que cismava ser meu dono, mas as coisas mudaram e eu não via mais assim, por que agora havia uma outra alternativa, me libertar e ser feliz e inferno se eu não lutaria por isso.

Continuo encarando Olivia, chamando-a suavemente, como se estivesse tentando contato com um animal feroz, mas nada tirava ela de seu transe. O homem na linha continua implorando ao outro, tentando negociar com quem quer que seja por sua vida, mas parece que as coisas não vão bem, pois ouvimos nitidamente o momento que o celular é derrubado e um barulho de luta se inicia. Os urros de dor do homem parecem tirar Olivia do transe, pois ela vem como um furação para cima de mim, mas sou mais rápido e em um movimento a empurro para longe.

— Nada disso. Primeiro eu quero respostas Olivia. Então se concentra. Quem diabos é esse homem? E de quem você estava falando quando entrei?

— Me da a porra do telefone Bela — Ela avança pronta para me acertar um soco, recuo um passo, ela se desequilibra e dou um leve chute em sua barriga, fazendo-a cair de bunda no chão.— Isso é tudo culpa sua! Sua! — Começa a gritar enlouquecidamente.

— O que esta acontecendo aqui? — me surpreendo quando a porta se abre e Erik entra com Miguel e Pedro ao seu encalço. Havia esquecido completamente onde estava. Miguel olha em minha direção no instante em que atravessa o batente da porta, seus olhos tristes, confusos, porem alertas, tentando entender o que diabos poderia estar acontecendo aqui para causar toda essa gritaria. 

Viro meu rosto, me recusando a encara-lo, ja havia coisas demais passando por minha cabeça nesse momento não precisava disso agora, de outra discussão, outro pedido de desculpas, já havíamos dito tudo que havia para dizer, ele sabia muito bem que eu estava certa, que qualquer argumento era inutil, tanto que permaneceu calado.  Agora cabia a ele decidir o que queria. Eu ja havia decidido, essa não era a vida nem o parceiro que queria ao meu lado, por mais que eu sofresse por perder algo que parecia ser tão certo, não achava justo comigo mesma insistir em algo que parecia não mudar.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora