Capitulo 11 | Qual o preço da liberdade?

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O... que acabei de fazer?

Essa pergunta girava e girava em minha cabeça

Como? Como as coisas terminaram daquele jeito? Por que? 

E... o que eu faria agora?

AI meu Deus! Por que?

Meus olhos se recusavam a largar o corpo inerte de meu agressor, rezando, implorando para que ele não estivesse morto, que tudo aquilo fosse apenas um desmaio, concussão ou qualquer outra merda medica, menos algo tão definitivo como a morte. 

Meu corpo treme, minhas mão soam e meu coração parece querer sair de meu peito, confesso que queria fazer o mesmo, fugir dali, ir pra longe, virar o fantasma que sempre fui, eu não aguentaria mais essa culpa em minha vida. Não! Não! Não! Começo a balançar meu corpo freneticamente, me abraçando em busca de algum alivio, apoio ou qualquer coisa, mas nada acontecia.

_ Reage! – Uma voz grita insessantemente em minha mente em alto e bom som mas meu corpo havia se desligado e não sabia como ou o que  fazer para contornar isso. mas  de uma coisa tinha certeza, não ficaria ali esperando ser pega. Afinal de contas quem iria me encontrar, a policia ou mais um membro da seita macabra de papai?

Quando meu pensamento se desvia para esse viés meu corpo até antes adormecido se acende em ódio, ódio de papai, ódio da minha vida, ódio pela lembrança amarga das palavras asquerosas de meu agressor. Por mais que quisesse acreditar ou melhor me fazer acreditar que tudo aquilo era uma enorme mentira ou engano, sabia mesmo que inconscientemente que a possibilidade era real. E são essa certeza me fez ser amada por uma forte ansia, me dando apenas um mísero segundo para me virar e me impedir de vomitar em mim mesma.

Com as palavras do homem girando e girando ao meu redor, meu corpo parece se acender, a cada pensamento do que meu pai planejava fazer comigo ou pior, que  papai estava planejando matar minha mãe, minha pobre mãezinha que fez de tudo para aquele homem, mesmo ele não merecendo uma gota de seu suor... que se humilhou, se perdeu, se anulou por mim e por um homem que por um longo tempo acreditou que voltaria a ser seu amado marido.

Não! Ele não ousaria! Ousaria?

Claro que sim! Deixe de ser idiota Arabela, você sabe muito bem que aquele ser das trevas era apenas um recipiente vazio da mais pura maldade, sem alma, sem amor, sem nada. Isso só confirma sua suspeita, deixe de ser idiota! Abra seus olhos garota! O maldito estava planejando isso a tempos e aquele seguro de vida de mamãe é aprova disso! Reage! - minha mente gritava ou melhor berrava – Não deixe ela ter ido em vão! – a voz agora vinha carregada de tanta dor e tristeza que me quebrei, mas junto com o choro veio a força e por mais bamba que minhas pernas estivessem me ergui e me arrastei até o maldito balcão lentamente, me segurando nas paredes e nunca, nunca retirando meus olhos daquele homem. Por mais certa que estivesse que o homem havia ganhado uma passagem de ida sem volta de encontro ao capiroto não iria me arriscar e ser pega por ele novamente, pois ao meu ver aquilo tudo poderia ser uma armação, um jogo, quem saberia. 

Eu precisava ser forte e fazer o que deveria ser feito. 

"Força Arabela! Você consegue" – ouvi a voz de mamãe dizendo em minha mente e aquilo me encheu de coragem.

Decidida me arrasto ate os fundos do local, me sentando em frente ao moderno e imponente computador. Acendo a tela e para minha surpresa se abre diretamente no sistema de registros, que era exatamente o que procurava. Sem pensar duas vezes me faço uma nova certidão de nascimento e um documento constatando minha  emancipação para que pudesse ir ao banco e pegar o dinheiro que tanto necessitava para finalmente poder sair desse lugar para sempre.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora