"À minha avó"

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Não sei por onde começar isto;, nunca saberei – é uma dor que mói, corrói e não passa, é inexplicável e indescritível –, nunca terei palavras ou gestos para o definir

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Não sei por onde começar isto;, nunca saberei – é uma dor que mói, corrói e não passa, é inexplicável e indescritível –, nunca terei palavras ou gestos para o definir.

Talvez a melhor maneira de começar isto, seja assim: Porquê avó? Porquê tu?

Tenho perguntado isto, a mim mesma, diversas vezes. Fazes-me tanta falta – fazes-nos tanta falta, a todos –, neste momento sinto que ficou tudo e não ficou nada, ficou apenas a dor, o sofrimento, o desespero, a ausência, o vazio e a tua partida. E muitas coisas por dizer.

Tenho pena, que a vida tenha sido tão madrasta para ti, não merecias, não é justo, mas enfim... Será que há alguma coisa justa nesta estrada que é a vida?

Desculpa por não ter sido sempre a neta presente que devia ter sido, por não te ter dado a força que devia ter dado, o abraço forte que os teus olhos pediam, o aconchego, por ter faltado e falhado com essas pequenas coisas, talvez me tenha conseguido emendar nos últimos dias. Mas não me perdoo nem nunca me perdoarei, o perdão é algo que só acontece se o tempo deixar.

Espero um dia poder pedir-te desculpa a sério, quando nos encontrarmos, aí onde tu estás.

Recordar-te será sempre – como sei que gostarias de ser recordada – com um sorriso nos lábios, há coisas tão boas na minha memória para recordar sobre ti: as histórias que me contavas, as gargalhadas, o que me ensinaste, os conselhos e as muitas conversas.

Foste e continuarás a ser sempre uma guerreira – a minha guerreira – que ao longo da sua vida lutou sempre e que com muito esforço e sacrifício foi vencendo sempre. Um orgulho enorme ter-te tido como minha avó.

Já tenho saudades tuas, sabes? E ainda agora te transformaste na maior estrela do céu, tenho saudades dos teus cozinhados – do empadão de carne que me deliciava – dos bailaricos de outros tempos, da felicidade que emanavas, de quando a vida te sorria.

É isto que guardo de ti, pequenos fragmentos do que é ser uma grande avó.

Mas depois há também este sentimento de perda que fica, que nos desfaz o coração em mil pedaços.

E fica uma certeza – a certeza que alivia a dor da tua perda – nunca te esquecerei.

Até sempre, avó!

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora