É quando tu me olhas com esse olhar soltar, profundo, e indecifrável, como se te alimentasses da luz que há em mim, que a minha alma se silencia e o coração se agita. Uma inexplicável contradição, teres a acalmia e o desassossego em ti.
É quando tu me presenteias com esse sorriso vasto, leve e apaziguador de todas as inconstâncias do mundo que sem querer me ofereces o mundo inteiro. O infinito. O horizonte marítimo.
Amar é isso mesmo... silenciar, deixarmo-nos levar e ficarmos sem palavras para dizer. Deixarmos o coração sem nada saber.
É quando a tua pele incendeia a minhas, pelas chamas do toque dos teus dedos que tudo fica mais certo a cada quilómetro percorrido na minha ele.
É quando pegas nas minhas mãos e me puxas na tua direção, na direção do calor dos teus braços, de encontro ao teu peito que percebo o verdadeiro sentido do amor. Num ápice fazes com que tudo faça ainda mais sentido. A tua presença é o que dá mais sentido à minha vida. Depois acaricias o meu rosto e fazes uma curta pausa nos meus lábios, como se fosse um caminho inesperadamente interrompido, tal e qual como uma curta pausa para café. Degustas-me com um beijo lento, prolongado e apaixonado. Saboreias-me sem tempo, consomes-me sem fôlego. Amar também é uma troca íntima de sabores, a alma encolhe-se perante tal dimensão e o coração estende-se e redimensiona-se como se fosse elástico.
Aproximas a tua boca do meu ouvido e sussurras pensamentos e de desejos:
— Preciso que sejas só minhas. Prende-me a ti, para sempre.
Há um prazer mútuo desejável e há desejos profundos que necessitam brevemente de serem alimentados. É nesse preciso e exato momento que se espera que tudo se troque e tudo se dê. Eu dou-te mais amor e tu completa-lo com o resto que falta.
No sofá da tua casa ou na minha cama, o amor sabe adaptar-se às circunstâncias da vida. Não é esquisito, é camaleónico. É nesse momento que me balanço delicadamente sob a colcha de algodão, depois sobrepões-te sobre mim e a dança começa, as minhas mãos desaparecem por baixo da t-shirt, até ela voar em voo picado. As tuas mãos colam-se ao botão dos meus calções e fazem-nos descer sem piedade e ali ficamos toda a noite e dias a fio, com a alma num silêncio sentido que fala. E o coração num alvoroço gritante, sempre com sede de mais.
No amor há sempre um silêncio impenetrável na alma que deixa sempre tudo à flor da pele. E tudo termina entre cansaços loucos, olhas para mim, procuro-me em ti e no silêncio da madrugada sussurramos:
Ama-me para sempre, que a tua presença nunca se afaste da minha silhueta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua história
Non-FictionNeste livro compilo uma série de contos e histórias que fui escrevendo no meu blogue. Histórias sobre os mais diversos temas. Histórias que tocaram pessoas. Histórias que podiam ser a tua história.