"O culminar de tudo e o início de ti"

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É hoje o dia

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É hoje o dia. O dia em que a meia-noite se prolonga e se desdobra em 12 eternas badaladas. O dia em que tudo culmina e eu peço sempre o mesmo desejo: Tu. O início de ti. Que o novo ano te traga até mim dividido nos melhores 365 fragmentos do teu ser.

É só isso que eu peço para esta longa noite. Mas antes faço por desenhar o amor que sinto por ti em tons de arco-íris, pego nos pincéis e na palete de maquilhagem e deixo-me levar. Não é o estar bonita para ti que interessa, mas sim conseguir transmitir-te de que tamanho consigo colorir o que sinto eternamente por ti. De seguida, pinto no rosto o melhor sorriso e no olhar a melhor mirada, esperando assim poder reencontrar-te. Reconquistar-te. Recuperar-te. Reviver o que éramos e sempre fomos.

Espero por uma noite de recomeços intermináveis. Perdemos o rasto um do outro, faz precisamente esta noite um ano. Dizíamos que iríamos ficar unidos para sempre; mas esse para sempre, deixou de ser eterno e resumiu-se a poucos meses. O nosso amor estava constantemente a ser testado, a ser posto à prova, a ser fragmentado, até que chegou uma altura em que esses fragmentos deixaram de se poder encaixar e reconstruir. Percebemos, facilmente, que muitas vezes o amor também pode ser incerto e frágil como a consistência de um vidro, também pode partir-se em mil pedaços e não haver volta a dar.

Apesar de eu achar que a nossa história não podia acabar assim do nada, tinha que haver maneira de reconstruir o que se tinha perdido. Eras o maior e melhor dos doze desejos, cada passa que levei à boca era o saborear de um pedaço de ti: agridoce e intenso. o forte desejo de não querer perder nem afastar de mim esse aroma que tinhas deixado. Eras tudo aquilo que eu mais queria para o novo ano e infelizmente, tinha-te perdido.

Entrei no novo ano, meia perdida. Vazia de ti. Ausente. Sufocada. Sem rumo. Partindo em busca de algo que me completasse como tu me completavas, mas nada se assemelhava a ti. Ninguém tinha o teu olhar, o teu toque, a tua voz, o teu cheiro. A tua forma de me abraçar. As palavras escolhidas a dedo. Há pessoas que não têm semelhantes e tu és uma delas. O mundo não se apresentava perante mim, como o fazia quando existias e estavas presente, a forma como permanecia e nos envolvia, o que nos oferecia.

Foi um ano duro, longo e difícil. Deixei de saber de ti, de ter notícias tuas. Apesar do meu coração te procurar incessantemente em cada recanto.

E de repente a noite chega, reúno-me com o meu grupo de amigos e saímos para a rua por entre conversas cruzadas, risadas, memórias e recordações. Indiscretamente procuro-te por aí, em cada canto e esquina, anseio que os nossos caminhos se voltem a cruzar. Não tenho quaisquer expectativas, mas desejo chegar aonde o meu coração teima em ir: atrás de ti e do teu coração.

Outra vez o relógio. Contam-se os segundos. A meia-noite chega, celebra-se a entrada do novo ano e bebe-se champanhe, de repente, sinto-me envolvida por algo familiar. Não é só o aconchego de quem me rodeia e festeja... Viro-me para trás e observo-te. Os meus olhos voltam a cruzar-se com a tua figura: alta, musculada e esguia, voltam a desejar a robustez da tua barba. As tuas mãos. O teu corpo.

– Feliz Ano novo! – dizes-me de sorriso ímpar.

Aproximo-me de ti. Os nossos dedos das mãos unem-se, como se o tivessem desejado desde sempre. Puxas-me para ti. O fogo de artificio continua a iluminar o céu e ilumina-nos.

Iniciamo-nos. E com um beijo eterno selamos o mais forte dos desejos e o mais desejado dos compromissos.

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora