Julgava que o teu amor seria para sempre. Que a nossa história, aquela que nos une e que decidimos escrever desde a adolescência até hoje, seria eterna e nos acompanharia o resto das nossas vidas, mas infelizmente, fizeste com que a nossa história se transformasse simplesmente numa memória desfocada, incolor e cinzenta que a cada minuto que passa faz por rasgar ainda mais a ferida que agora ocupa lugar no meu peito e no meu coração.
Longe vão os tempos, minha querida Inês, em que cada foto tua era um belo pedaço da enorme felicidade de que era feito, cada amanhecer e nascer do sol era semelhante à forma como iluminavas todos os dias a minha vida e o meu ser, fazias-me recuar no tempo até ao teu melhor sorriso que me fez apaixonar loucamente por ti, os teus belos olhos cor de mel e o cheiro a alfazema dos teus curtos mas fugidios cabelos. O primeiro toque e entrelaçar de dedos como se balançássemos em seda.
Longe vão os tempos em que cada madrugada era mais um despertar para ir a correr atrás de ti só para te ter nos meus braços, ter os teus lábios encostados aos meus para poder saborear o doce sabor a cereja que me fazia querer sempre beijar-te até o sol se pôr. O sorriso que trazia acalmia e alegria ao meu dia.
Longe vão os tempos em que a chuva de Inverno era um bom motivo para passearmos juntos por entre as gotas do céu, inequivocamente sem nos molharmos. Ver o arco-íris que era o espelho mais fiel da beleza que era a tua melhor imagem de marca.
Longe vão os tempos em que ficávamos tardes longas a fio, junto ao rio, deitados sobre a relva abrasadora, a contar histórias futuras, a imaginar planos, a fazermos a maiores declarações de amor, a rirmos e a darmos simplesmente as mãos. Numa dessas belíssimas tardes disseste-me que o nosso amor seria sempre imperdível e insubstituível, que era um sentimento tão grande que se tornava incapaz de ser desligado de tudo o que nos ligava um ao outro.
Mas afinal de contas, à medida que o tempo foi passando comecei a perceber que – aos poucos – estava a perder o teu amor. Estava a perder-te rapidamente para um desconhecido qualquer que já tinha feito parte da tua vida. Dizias que não sentias nada por ele, que era alguém que estava arrumado no passado, mas de repente essa pessoa com a qual parecia que não tinhas qualquer ligação passava mais tempo contigo que eu.
Jantares a dois, saídas noturnas, conversas longas... Do nada, a pessoa que tu dizias que tanto amavas sentia-se como se estivesse a mais na tua vida. E tudo o que tínhamos construído foi perdendo credibilidade e sentido, deixaste de ser a minha vida e a minha prioridade. Afinal, o amor também se perde e as tuas palavras passadas deixaram de ser promessas para a vida.
Um dia, mais tarde, quando já te tinha desligado da minha vida e tinha decidido seguir em frente sem ti, o destino colocou-nos de novo no mesmo caminho. Olhamo-nos sem haver nada para dizer, o que tínhamos sentido um pelo outro tinha naturalmente morrido, desfizeste-te em desculpas que fiz por não compreender, que não quis ouvir e que não eram mais do que formas ligeiras de tentares emendar o teu erro.
Todos erramos é verdade, mas o amor não é compatível com erros.
Cada um seguiu o seu caminho, tendo plena consciência que tinha tomado a melhor das decisões.
Um ano mais tarde, soube que tinhas casado com aquela pessoa que parecia estar fechada a sete chaves no teu passado. Eu também construí uma nova vida ao lado de alguém que sei que me ama de verdade, pelo menos tenho vindo a perceber que:
Se nós quisermos e lutarmos por isso, o amor jamais se perde.
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Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua história
Phi Hư CấuNeste livro compilo uma série de contos e histórias que fui escrevendo no meu blogue. Histórias sobre os mais diversos temas. Histórias que tocaram pessoas. Histórias que podiam ser a tua história.