"Rascunhos de Nós"

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Hoje apeteceu-me escrever a nossa história, eternizá-la

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Hoje apeteceu-me escrever a nossa história, eternizá-la. Para que possa servir de exemplo e de referência para alguém, para que alguém se reveja nela, em nós e naquilo que construímos.

Decidi pegar no caderno da escola e num lápis e sentei-me no parapeito da janela do sótão, com o olhar e o pensamento perdidos algures lá fora no verde da paisagem, no azul do céu e no calor do Sol, numa verdadeira corrida contra o tempo. Rasguei uma folha branca do caderno e comecei a desenhar vários esboços, recuei no tempo e fui até ao passado. Á nossa infância, à inocência e à nossa adolescência e procurei pela primeira troca de olhares e sorrisos.

Lembras-te quando nos intervalos, mesmo estando cada um com o seu grupo de amigos, umas vezes perto, outras vezes longe, nunca nos perdíamos de vista? E sorríamos envergonhados e não tirávamos os olhos um do outro.

E quando chocamos no corredor naquele dia? Meu Deus, fiquei tão nervosa, enquanto gentilmente tu apanhavas os meus cadernos e livros que eu tinha deixado cair ao chão quando fomos um contra o outro, eu limitava-me a observar-te. Tentava descodificar o que o teu olhar queria dizer, o teu sorriso, seguia de perto cada movimento teu, cada respirar, deixava-me envolver pela tua voz. E não conseguia deixar de pensar no quanto te desejava a meu lado a cada minuto que passava.

Devolveste-me tudo e disseste-me:

– Desculpa! Magoei-te? Foi sem querer, sabes que, com esta confusão nos corredores é quase impossível não se ser literalmente empurrado.
– É verdade! Mas não faz mal, está tudo bem, eu estou bem. Obrigada pela ajuda.

As primeiras palavras. E os nossos olhares cruzaram-se. Tocamo-nos por breves segundos, dias depois descobri que tinhas mudado para a minha turma, foi talvez a melhor descoberta que fiz nos últimos tempos e até andarmos de mão dada foi um pequeno passo.

Recordei os bilhetinhos que trocamos durante dias a fio nas aulas, as várias tentativas dos nossos colegas para nos juntarem, apesar de achar que, o nosso destino já estava há muito traçado. As nossas tardes sempre juntos, a estudar, a rir-me das tuas anedotas e palhaçadas, com o tempo fui descobrindo os teus pontos fortes e um deles era a alegria e boa disposição. E a vibrar com os teus jogos de futebol.

Recordei a primeira saída a dois, o primeiro beijo, a serenata à beira-rio, com um frio de rachar, o pedido de namoro e aquele gesto teu, de me dares o teu casaco.

– Queres namorar comigo?

Não pensei duas vezes, não te respondi, mas beijei-te.

Regresso agora ao dia em que começamos a namorar, à rosa que me entregaste pela manhã e que ainda guardo religiosamente seca na mesma jarra. E ao baile de finalistas onde foste o meu par. E veio a faculdade, o ficar longe de ti, o termo separação, a palavra saudade, o sentimento de falta, de perda e vazio e o teu sonho. Do qual abdicaste por completo, por mim, e para mim isto só pode ser amor. Um lindo gesto de amor. Eu escolhi-te e tu escolheste-me. A vida é feita de escolhas.

E em meia dúzia de linhas vou mais além e imagino o futuro. Eu e tu, lado a lado, ter-te ao meu lado, ficarmos juntos para sempre.

E agora vou passar tudo a limpo... Um pouco de nós.

Como uma tatuagem.

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora