"Escrevo-te"

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Escrevo-te, no silêncio da escuridão, sob o barulho das estrelas, ouvindo pensamentos, procurando novos caminhos, desenhando sonhos e desmistificando sentimentos

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Escrevo-te, no silêncio da escuridão, sob o barulho das estrelas, ouvindo pensamentos, procurando novos caminhos, desenhando sonhos e desmistificando sentimentos. Dando forma ao passado e ao presente e transformando o futuro numa simples silhueta com algumas curvas desencontradas prontas para serem limadas a qualquer momento.

Escrevo-te buscando inspiração na tua figura, na tua maneira de ser, no que eras, no que és e no que serás. No ser exemplar que a dádiva da vida me ofereceu e deu a conhecer. Naquilo que me ensinaste, nas lições que me deste, na forma como me agarraste. Na tua maneira de estar, sempre ao meu lado incondicionalmente como se uma boa parte de mim – a melhor -, fosses mesmo eternamente tu ou parte de ti. No ar conquistador, no amor desmedido, na entrega desafogada, intensa e impensada.

Escrevo-te partindo em busca do teu olhar por entre folhas de rascunho, de linhas e quadriculado, rabiscos e palavras apagadas. Numa escrita fluída e desenfreada como o teu lado mais inquieto e aventureiro, procurando o teu sorriso por detrás de cada palavra escrita.

Numa escrita intimista, calma e resguardada, como o verso mais recatado de um poema, a melodia mais intensa do teu reportório preferido e como o teu lado mais sossegado e solitário.

Escrevo-te também para te alcançar, sentindo a textura do papel como se tocasse a tua pele, como se nos tocássemos, como naqueles dias quentes de Verão e naquelas noites cinzentas e chuvosas de Inverno. Para te sentir e poder partir em busca daquilo que deixei ficar para trás.

Escrevo-te com alma e com o coração cheios de vontades, desejos e emoções; umas vezes a lápis para os momentos mais difíceis, obscuros e incertos, outras vezes a caneta para os momentos felizes e permanentes.

Tento encontrar, o que é feito de ti nas entrelinhas. O que se perdeu de nós por entre o nevoeiro mais cerrado das montanhas, o verde-pino perdido de uma floresta e o azul infinito do mar. Procuro unir peças e que algo de nós volte a fazer sentido relativamente ao que éramos.

Procuro por entre parágrafos longos, o abraço eterno que trocávamos. Em cada ponto e vírgula um reencontro, em cada vírgula uma manhã fresca e em cada travessão, as pausas felizes de que tudo era feito.

Neste caderno de folhas rasuradas, escolho fragmentos de nós e reconstruo a vida. A vida que nos deu a conhecer.

A vida que nos uniu. A vida que nos separou.

A vida que nos fez rir e chorar.

A vida que nos permitiu encontrar consolo por entre palavras e gestos.

Aquela vida que nos tentou vencer, mas não nos demoveu.

Escrevo-te... E talvez um dia deixe de ficar sempre algo por dizer!

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora