"A vendedora de sonhos"

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Todas as noites, ela tinha o mesmo sonho, levantava-se de manhã bem cedo, colocava a mochila às costas ia até à feira popular, aproveitava o silêncio das madrugadas para desfrutar daqueles ruídos silenciosamente desassossegados, enquanto piquenica...

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Todas as noites, ela tinha o mesmo sonho, levantava-se de manhã bem cedo, colocava a mochila às costas ia até à feira popular, aproveitava o silêncio das madrugadas para desfrutar daqueles ruídos silenciosamente desassossegados, enquanto piquenicava a sua fruta preferida. Poucos minutos depois, acabada de chegar à feira, montava a sua banquinha e dizia com regozijo a quem passava que ali não se vendiam quaisquer bens materiais, só se vendiam sonhos. As pessoas ficavam a olhar seriamente para ela, não sabendo como compreendê-la e seguiam o seu caminho.

Aquela era uma questão que dava que pensar, poder-se-iam vender sonhos? Que tipo de sonhos mais se vendiam?

A vendedora de sonhos vendia um pouco de tudo, o sonho de casar e de ter filhos, de ser bem-sucedido pessoal e profissionalmente, de ser rico, de ter uma casa nova ou apenas de ser feliz. Ela confessava muitas vezes que lhe dava sempre mais prazer "vender" a simplicidade de um sonho, já que há sonhos que não se vendem por valor monetário nenhum, o seu valor é tão incalculável que ela fazia por oferecer esses mesmos sonhos para que a vida das pessoas se tornasse melhor. Quase todos os dias, os sonhos disponíveis se esgotavam, fazendo-a acreditar num novo dia e em novos sonhos. Sentia-se realizada quando chegava ao fim do dia vazia de sonhos, significava que tinha feito muitas pessoas felizes.

No entanto houve um dia que a marcou, um dia que não consegue esquecer, o dia em que ofereceu o sonho mais especial. Já só tinha dois sonhos disponíveis, quando se aproximou dela um menino de aspeto humilde que fazia saltar à vista as suas dificuldades. Deliciava-se com um pequeno chupa de diversas cores, perguntou-lhe o que estava a vender, ao que ela respondeu que vendia sonhos. O menino ficou intrigado questionando-a de seguida sobre o que eram sonhos. Ela não perdeu tempo a explicar que um sonho é algo que queremos muito, ele ficou pensativo, dizendo tristemente que queria muito uma coisa, mas que não tinha dinheiro para comprá-la. Que era o seu sonho. Ela perguntou-lhe qual era o seu sonho, quem sabe ela ainda não o tivesse vendido, e a resposta não tardou a chegar, ter uma mãe. Não soube o que dizer, era mais um daqueles sonhos simples como ela gostava e sabia que tinha que o tornar realidade. Prometeu-lhe que o iria ajudar.

Dali em diante a vendedora de sonhos e o pequeno vendedor de novos sonhos andavam sempre juntos a fazerem as pessoas felizes. Até que um dia um casal se dirigiu à banca dos sonhos, procurando um sonho muito específico. Ela perguntou o que procuravam exatamente, caso não tivesse nenhum sonho disponível podia tentar-se arranjar. O casal entreolhou-se e sorriu: Queremos ser pais.

Foi a primeira vez que a vendedora de sonhos teve a oportunidade de cruzar dois sonhos de uma só vez, o pequeno vendedor de sonhos, olhou para ela com uma lágrima no canto do olho e abraçou-a, agradecendo-lhe por o ter ajudado a concretizar o seu sonho.

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