Neste livro compilo uma série de contos e histórias que fui escrevendo no meu blogue.
Histórias sobre os mais diversos temas.
Histórias que tocaram pessoas.
Histórias que podiam ser a tua história.
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Meu amor,
Passou pouco mais de um mês desde que os nossos caminhos se descruzaram como as linhas de um caminho-de-ferro, jamais esquecerei este verão. Aquele que considero ter sido o (meu) verão. Andava há já algum tempo à espera de um verão assim: quente, apaixonante, avassalador, intenso e marcante capaz de se tornar completamente inesquecível na minha alma, na minha memória, mas principalmente no meu coração.
Era o meu último verão, as últimas férias desafogadas antes da entrada para a faculdade, para o curso que sempre sonhei e desejei, mas estava longe de imaginar que algum dia as nossas vidas se fossem cruzar da forma como se cruzaram durante estas últimas semanas, durante aqueles longos dias, durante todo este tempo infinito.
Lembro-me – como se fosse hoje – que senti por ti o tão aclamado amor à primeira vista, quando entrei naquela pequena sala para tirar o curso de nadadora-salvadora. Não sei se te disse, mas sempre sonhei um dia poder ser tal e qual como as atrizes na série Baywatch. Foram tão deliciosas e inesquecíveis as noites que passamos – juntos – a ver tantos e tantos episódios desta série. Obrigada pelas gargalhadas, pelas emoções, pelos abraços, pelos dedos entrelaçados e pela paixão que te movia pelo mar. Era tão forte e inabalável que foi fácil gostar logo de ti.
Quando os nossos olhares se cruzaram no desconhecido que éramos um para o outro, percebi de imediato que havia algo em ti que me iria manter unida a ti de qualquer forma, não sabia como nem porquê mas sentia-o. E assim foi...
De desconhecidos passamos a colegas de trabalho, todos os dias passeávamos juntos por aquela praia de pés na areia e ondas na pele, despertaste o melhor que há em mim e deste-me a conhecer algo que eu pensava ser impossível de existir num homem: o lado mais gentil e bondoso do amor.
O amor por outras palavras, sem palavras escritas, sem frases feitas, sem parágrafos decorados. O amor na sua forma mais pura e genuína, mais simples e básica.
Contamos a mais belas histórias, as peripécias das nossas vidas, as alegrias e as tristezas. Tornamo-nos os melhores amigos e foi quando o lado menos bom da vida nos decidiu pôr à prova no papel que desempenhávamos que percebemos que a partir daquele momento iríamos estar ligados um ao outro para todo o sempre.
Dias depois, a paixão entre ambos acabou por acontecer, por crescer à medida que o tempo foi avançando a passos largos e por se tornar algo mais esperado quão provável. Nunca mais nos largamos, e passamos momentos infinitamente felizes que jamais esquecerei.
E de repente veio a despedida, num momento inoportuno quão indesejado em que já nenhum de nós sabia viver nem queria estar e continuar sozinho, éramos peças inseparáveis e amantes inquebráveis. Mas, infelizmente, a vida tinha decidido por nós, que cada um devia seguir o seu caminho, podíamos ter sido feitos um para o outro, mas não tínhamos sido feitos para ficarmos juntos. Recordo com lágrimas no rosto a nossa última noite, passada na praia, sozinhos, com a praia só para nós. a vermos o pôr-do-sol, a namorarmos, a fazermos juras de amor eterno e partilharmos o lado mais intenso e único do amor.
E no dia seguinte, vi-te partir – para sempre -, para longe de mim, sem nada poder fazer, sem o poder evitar, sem poder correr atrás de ti. Vi-te levar contigo todo o meu amor por ti, toda a minha vitalidade, toda a vida que havia em mim. Deixaste-me sem um rumo definido, sem saber como contornar as saudades, como fintar o vazio que ofereceste, sem saber como ocupar a tua falta.
Tenho saudades de ti. Tenho saudades do que me ensinaste, do que me mostraste, dos sentimentos que despertaste em mim e da maneira especial de olhar a vida que aprendi contigo.
Preciso de voltar a ver-te, para poder recuperar a parte de mim que acabei por perder com a tua partida, para voltar a acreditar no amor. Para que a minha vida possa voltar a fazer sentido e o meu coração sossegue.
Quando é que o tempo decidi voltar para trás?
Com todo o meu amor,
P.S: E no intervalo de tempo que dura esta carta, que duram estas palavras e a tinta que as desenha, recebo um sinal teu, uma chamada e três palavras apenas:
Vou voltar para ti.
Que me devolveram a vida.
Os meus braços esperam-te e o meu coração aguarda-te em desassossego.
