"Amor em dias de chuva"

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Hoje, o cair intenso da chuva fez-me pensar em ti

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Hoje, o cair intenso da chuva fez-me pensar em ti. Fez-me sorrir e relembrar momentos felizes ao teu lado. Lembras-te daquele dia frio e chuvoso de inverno, quando chocamos em plena rua?

Cada um corria desenfreadamente atrás da sua vida, quando o destino quis que nos cruzássemos, ainda que da forma menos cordial que existe. Os nossos chapéus-de-chuva entrelaçaram-se e depois chocamos um contra o outro: o saco das compras que trazias nos braços caiu ao chão espalhando todo o seu conteúdo. A mala que eu trazia ao ombro, deslizou pelo meu braço e abriu-se também, revelando tudo aquilo de que sou feita.

Num gesto mecânico, pedimos desculpa um ao outro e de seguida, eu baixei-me para te ajudar com as compras e tu baixaste-te para me ajudares a arrumar a mala. Quando menos esperávamos estávamos a rir-nos de toda aquela situação embaraçosa. Disseste-me chamares-te Dinis e que estavas há poucos dias na cidade, daí ainda te sentires um pouco perdido. Tinhas vindo para a faculdade.

Eu apresentei-me e foi de sorriso nos lábios que reagiste ao meu nome: Carolina. Trocamos números de telefone, mesmo que nos tivéssemos acabado de conhecer e prometemos combinar um café brevemente. Apesar de mal conhecer Dinis, rapidamente me senti seduzida por ele, pelos seus cabelos curtos, castanhos e encaracolados, pelos olhos verdes hipnotizadores, pela figura esguia, masculina e musculada. Fiquei ansiosa por voltar a vê-lo e nos dias que se seguiram o Dinis conseguiu não me sair da cabeça.

Um dia, acordei com o som de uma mensagem escrita acabada de chegar ao meu telefone, pensei logo na Cathy que era a melhor amiga mais destrambelhada que existe e que sempre adorou acordar-me bem cedo. Mas não... desta vez enganei-me, não era ela. Era o Dinis.

– Podemos tomar café hoje? Dinis.

Nem parei para pensar duas vezes e respondi logo que sim, marcamos precisamente no mesmo sítio onde nos tínhamos conhecido, numa esplanada ali perto. No segundo a seguir, levantei-me apressada da cama para poder arranjar-me e pôr-me bonita para a ocasião.

À hora marcada, lá estava eu à espera do rapaz que me tinha seduzido com o olhar e me tinha roubado o fôlego e ele não me fez esperar muito, nem fez por esperar para aparecer, com o sorriso contagiante de sempre. Trocamos um singelo beijo no rosto e seguimos para a esplanada.

Durante aquela nossa primeira conversa, descobri que o Dinis estava no mesmo curso que eu: Direito e que iria frequentar a mesma turma que eu, depois de ter pedido transferência de curso e de faculdade. Fiquei radiante e a ansiar o primeiro dia de aulas para voltar a ver Dinis.

À medida que o tempo foi passando, eu e o Dinis fomos tornando-nos grandes amigos, ajudavamos-nos imenso um ao outro na integração na faculdade, na turma e no curso. Em pouco tempo a cumplicidade que nos unia começou a crescer e quando menos esperamos o amor entre ambos começou a fazer-se sentir.

Das suaves mensagens de amor, passamos às longas conversas pela noite fora até ao dia em que...

Num final de tarde, novamente tremendamente chuvoso; por entre poças de água, salpicos e correrias entre as gotas da chuva, o Dinis fez algo inesperado:

Estávamos os dois debaixo de um enorme chapéu-de-chuva, que nos abrigava perfeitamente da tempestade quando, de olhos fixos nos meus, ele acariciou suavemente o meu rosto para depois me beijar intensamente nos lábios, e sussurrar-me lentamente ao ouvido sob olhar das mais intensas gotas da chuva e do soprar do vento frio:

– Queres namorar comigo, doce Carolina?

Naquele momento, em que a chuva começou a cair com mais força, o Amor não se quis mostrar em palavras; mas em gestos. Feliz e emocionada, abracei-o e de seguida afastei o chapéu-de-chuva e beijei-o, deixando que as gotas de chuva nos molhassem, tornando eterna esta nova forma de nos sentirmos.

Sorrimos um para o outro, ainda mais apaixonados, os pensamentos de ambos cruzaram-se: o melhor do amor é mesmo em dias de chuva.

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