Meu Amor,
Sempre ouvi dizer aos mais velhos, aos mais crescidos, aos sábios da vida que quem ama, acredita. Mas, há dias em que me questiono durante tempo indeterminado sobre isso. Em que acordo, penso em ti, paro para pensar e pergunto-me se tu acreditas. Por vezes sinto que é isso que te falta, a capacidade e vontade de acreditar. Não apenas em mim, não apenas no que sinto por ti, não apenas no nosso amor, mas também em ti. Há dias em que me questiono se me amas, se sabes o que é amar, se aprendeste o significado desse mundo tão vasto e tão longo onde eu te dou e tu me dás. Onde há um pouco de ti que me preenche, que me completa, que me seduz, que me traz a felicidade que por vezes procuro loucamente por aí – em cada canto e esquina – e que por mais que procure não o consigo encontrar da mesma forma como o consigo imaginar.
Há dias em que te entregas e te dás, sem medos, sem preocupações, sem dúvidas, e é nesses dias que consegues fazer-me acreditar que afinal podemos estar em sintonia, percorremos o mesmo caminho, estamos nisto juntos.
O Amor é isso mesmo, um sentimento despreocupado, rebelde, extrovertido, que faz por não pensar no que sente e na maneira como sente. O Amor é louco e despropositado e não precisa de ser compreendido nem desmistificado. O Amor é isso mesmo, como o mar, vai e vem numa sucessão de ondas que faz balançar tudo aquilo que nos constrói. O Amor é a felicidade no seu estado mais puro, é a capacidade de captarmos o que de melhor irradia de nós. É darmos melhor de nós. É sermos o melhor de nós.
E há momentos em que sinto que esse amor existe em ti e te engrandece. O Amor que me conduz, que me rouba o sorriso, a melhor gargalhada, a corrida mais apressada do dia, o beijo mais forte, o abraço mais apertado. O Amor sem reticências e com poucos pontos finais, porque no amor nada acaba e tudo continua.
O teu amor cheira a Primavera, ao aroma fresco da terra pela manhã, ao perfume das flores quando o Sol brilha, tem os contornos do campo e os detalhes das nuvens. Tem tardes infinitas e noites longas. Mas há dias em que o teu Amor esmorece e arrefece, acinzenta-se como um dia de chuva ou tempestade. A tristeza de ti paira e o vazio fica e as dúvidas invadem. O teu Amor pode ser incerto, imaturo, inseguro e inconstante, pode oferecer-me todas as dúvidas, mas é o teu Amor que me faz viver e acreditar. É fazendo parte dele que me sinto feliz. Gosto dele assim... Há dias – naqueles dias em que me custa mais a acreditar, em que me sinto entre as dúvidas e as certezas se o amor que nos une é mesmo forte, intenso, coeso e inabalável. E se tomei a decisão mais acertada em amar-te, lutar por ti e continuar ao teu lado – em que a única coisa que me lembro é de me questionar sobre uma coisa:
E tu acreditas, meu amor?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua história
No FicciónNeste livro compilo uma série de contos e histórias que fui escrevendo no meu blogue. Histórias sobre os mais diversos temas. Histórias que tocaram pessoas. Histórias que podiam ser a tua história.