"As palavras que nunca te direi"

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Há palavras que gostava de nunca ter que te dizer

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Há palavras que gostava de nunca ter que te dizer. Uma delas é Adeus. Um dia acordei e tinha uma mensagem tua no telemóvel, fria, seca e ríspida: 

Amanhã precisamos de falar! 

Não dizia mais nada. Já nem mandavas o beijo do costume, estavas diferente e não era preciso dizerem-mo, eu conseguia ver isso em ti. Preocupou-me muito, senti o coração em alvoroço e as mãos a tremer.

No dia seguinte, encontramo-nos a caminho do trabalho para o café do costume. Entramos, sentamo-nos a um canto recatado numa mesa e disseste-me as palavras que eu jamais queria ouvir: Acabou. Acho que o que temos já não faz muito sentido. Necessito de me afastar para pensar, preciso que me dês um tempo, já não sei muito bem o que sinto por ti. Adeus. Até breve. Segurei-te no braço e pedi-te para ficar.

Afastar. Ausência de ti. Vazio. Mais uma palavra que achava que nunca diríamos um ao outro, que prometi e jurei a pés juntos nunca te dizer e que nunca me passaria sequer pela cabeça. Fiquei em choque, fixa a olhar para ti, sem entender a tua amarga atitude, perguntei-te porquê, não me soubeste responder, remeteste-te ao silêncio e limitaste-te a um simples encolher de ombros. Achei que não era uma resposta definitiva.

Pediste-me desculpa, mais uma palavra que não imaginava virmos a dizer um ao outro, disseste-me que não era tua intenção magoar-me, que continuavas a gostar muito de mim, simplesmente as coisas não estavam a funcionar como tu tinhas previsto.

Magoar. Nunca me tinhas magoado tanto como neste dia, de olhos carregados de lágrimas, e a voz quase a faltar-me, disse-te apenas que não te queria perder. Pedi-te que não me deixasses, que repensasses melhor no assunto, disse-te até que estava disposta a recomeçar tudo de novo contigo. Há coisas para as quais não há recomeços, já não há amor, respondeste-me.

Amor, a palavra que nunca nos faltou e que agora parecia ser a coisa que mais nos faltava. Já não havia nada.

Parto amanhã para o Canadá. Partir. Separação. Tu sabias que eu nunca queria separar-me de ti. Disse-te que ia sentir muito a tua falta, que iria ter muitas saudades tuas. 

"Quem sabe um dia nos voltemos a encontrar..."

Calei-me.

Passaram seis meses desde que te foste embora, desde a última vez que te vi e que tive notícias tuas.

O telemóvel toca novamente, vejo uma mensagem tua: Estou em Portugal. Gostava de te ver. J.

Nem tudo terminou.

Afinal de contas houve um reencontro.

E um recomeço.

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora