Amor musical

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Dizem que o amor também é melodioso e carregado de compassos: umas vezes certos, outras vezes incertos

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Dizem que o amor também é melodioso e carregado de compassos: umas vezes certos, outras vezes incertos. E foi através da música que nos conhecemos e que o nosso amor nasceu. Recordo-me de tudo como se fosse hoje...

Numa tarde descontraída e fria de outono, passada em casa, pus mãos-à-obra e decidi arriscar a participar naquele passatempo que já andava há dias a protelar e que poderia levar-me até Nova Iorque para ir ver uma das bandas musicais que mais me tinha acompanhado nos últimos anos. Tinha esse sonho há anos e vi-a naquele passatempo, a minha oportunidade de ouro.

Pediram-me uma frase criativa e original, confesso que nunca fui nada boa a escrever, mas ainda assim decidi desafiar-me. Escrevi o que me ia na alma e no coração, o que sentia e pensava e a importância que a música tinha para mim. E esperei... Esperei – ansiosamente – que a sorte me batesse à porta e bateu mesmo. Faltavam dois dias para a semana terminar, o fim-de-semana estava prestes a chegar e eu não tinha grandes planos, a não ser uma ou outra saída noturna e sessões de cinema com as miúdas. De repente, quando menos esperava, tocou o telefone. Número privado. Estive mesmo para não atender a chamada, o que menos me apetecia naquele momento era conversa da treta e um prolongado inquérito para responder, mas, pelo sim, pelo não, atendi.

Do outro lado, ouvi a voz de uma senhora que me felicitava por ter sido uma das vencedoras do tal passatempo, ao qual me tinha atirado literalmente de cabeça. Nem queria acreditar no que ouvia, parecia uma verdadeira ilusão só de pensar que dali a 3 dias iria meter-me sozinha num avião para ir a Nova Iorque. Não conseguia conter a euforia e o entusiasmo. Combinei tudo com a senhora, que me disse ser responsável pela empresa que organizou o passatempo, ficamos de nos encontrar no aeroporto dali a 3 dias, antes de desligar, forneci-lhe todos os dados pessoais que ela me pediu.

De seguida, desatei a partilhar a novidade nas redes sociais e pelo telemóvel com as minhas melhores amigas, ficamos horas ao telefone, histéricas como era habitual. Pediram-me logo atualizações da viagem a toda a hora e fotos no Instagram.

Os dias que se seguiram foram vividos com grande emoção, não conseguia conter a ansiedade e o nervosismo para que o grande dia chegasse, e este parecia querer tardar em chegar. Aproveitei para ir preparando tudo para fazer as malas, a máquina fotográfica e afinar a voz, pois, não sabia o que podia esperar-me naquela noite que se avizinhava interminável e infinita. À noite, deitada na cama, imaginava mil e um cenários para aqueles dois dias. Novas amizades, noites longas, cenários especiais, muito frio e neve. Sorrisos, encontros inusitados, desencontros, lágrimas e emoção.

E o grande dia da partida, chegou. Tão especial como mágico. Madruguei cedo com a inquietação a consumir-me a cada segundo que passava, de malas prontas e coração carregado de expectativas, apanhei um táxi que me levou até ao aeroporto. Lá, em plena sala de embarque, aguardava-me a tal senhora que parecia querer roçar os trinta anos, de cartaz na mão. Procurando-me. Ao seu lado, esperava um jovem: alto, corpulento, cabelo castanho, espetado e empanturrado em gel e mais duas jovens da mesma idade que eu, que aparentavam ser gémeas.

Juntei-me a eles, fizemos o check-in e em menos de nada estávamos dentro do avião, que nos levaria até à denominada: cidade que nunca dorme. Durante aquela longa viagem, conversamos e rimos muito, partilhamos desabafos, e expectativas e ouvimos muita música, sempre o tempo passava mais depressa. Até que... Quase dez horas depois, já a noite queria cair, a Estátua da Liberdade surgiu no horizonte: grandiosa e imponente como é sua característica, aumentando o nosso desassossego. Em menos de nada, o avião aterrou e rapidamente sentimos o frenesim daquela cidade.

Depois de recuperarmos as bagagens, fomos para o hotel, descansamos um pouco, apesar de todos sentirmos que não havia lugar para o descanso e depois saímos para a rua. Partindo à descoberta de cada recanto da cidade. Eu e o Dinis: o tal rapaz do cabelo espetado, começamos a criar laços e a aproximar-nos, mal pisamos chão nova iorquino, ele era divertido e espontâneo. Achei-lhe imensa piada. Foi ao lado dele que assisti a todo o concerto dentro daquele teatro monumental, partilhamos boas energias, adrenalina, aplausos, sorrisos, pulos de alegria, vozes a meias e batimentos incertos. Vivenciamos, juntos, aquela noite.

Até que... Numa das muitas baladas que desejava ouvir, os nossos olhares cruzaram-se e os dedos entrelaçaram-se sem sequer o termos desejado ou pensado. Não estava previsto, não esperava apaixonar-me numa noite, mas aconteceu. E nunca mais nos largamos. Depois do concerto, houve um Meet&Greet com a banda e fomos juntos. Celebramos juntos, o sonho.

Não queríamos que aquele momento acabasse. Não queríamos regressar a Portugal. Queríamos permanecer.

Amanhã, faz um ano que esta história aconteceu. Continuamos, juntos. O Dinis lembrou-se que devíamos escrever à banda que nos uniu, apesar de achar a ideia descabida, deixei-me levar. E alinhei.

Escrevemos-lhe, juntos. A duas mãos. Contando-lhes a nossa história que começou num concerto seu em Nova Iorque.

De facto, só a música é capaz de unir, a semelhança entre dois amores.

Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora