Faz hoje meio ano que me proporcionaste o momento mais mágico e inesquecível da minha vida. Lembro-me de tudo como se fosse hoje, passeávamos juntos pela marginal, entrelaçados um no outro quando... com aquele teu olhar terno, infinito, enamorado me disseste:
— Prepara-te porque hoje vou levar-te a viver a noite mais longa e indescritível que possas imaginar...
Olhei para ti de olhos bem abertos, como se fossem o mais intenso despertar solar, tentando decifrar o mais pequeno detalhe do que podia esperar, mas nada consegui descobrir.
— O que vai acontecer?
— Isso não posso dizer, minha estrelinha. Mas dou-te uma singela pista: e se pudesse tocar o céu desde o infinito?
Ele estava constantemente a dizer-me que eu era a estrela cintilante da sua vida.
— Assim como o amor nos toca na imensidão do que nós somos?
— É quase isso...
Aquele seu ar misterioso fazia as borboletas esvoaçarem no meu coração. Eu não continha a curiosidade. O passeio durou mais alguns minutos, aproximava-se a hora de jantar quando me levou até às proximidades de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade, um edifício todo feito em vidro, fazia-nos sentir completamente transparentes quando entrávamos no seu interior, mas, não era o fator transparência que mais atraía as pessoas, mas sim, a vista desde o seu topo. Inigualável, dizia quem já lá tinha ido. A expetativa aumentava cada vez mais.
Entramos e depois apanhamos um elevador para o último piso, o edifício tinha um total de catorze andares. Aproveitamos o facto de irmos sozinhos para namorarmos como naquelas cenas idílicas dos filmes românticos. Estava feliz por estar ali e ter ao meu lado, a pessoa que mais amava; quando menos esperamos surgiu um clique avisando-nos que tínhamos chegado ao andar pretendido. As portas abriram-se e quase fiquei sem fôlego. Tinha à minha frente uma enorme janela panorâmica com vista para a cidade, fiquei sem palavras para dizer. Caminhamos juntos e seguimos para o terraço onde nos aguardava uma romântica mesa de jantar, impossível não me emocionar. Abracei-o e agradeci a qualquer entidade divina por ter colocado aquele homem no meu caminho. Depois pegamos em dois copos de vinho verde-branco e fomos até à varanda, abraçados deixamo-nos levar por aquele silêncio da noite e o brilho das luzes que pareciam aumentar de intensidade na mesma medida do nosso amor aumentava a cada dia que passava. Entre sorrisos comprometedores e pequenos goles de bebida, namoramos mais um bocadinho, sussurramos juras de amor eterno e prolongamo-nos. De seguida sentamo-nos finalmente à mesa e eu deparei-me com um pequeno ramo de camélias e um delicado embrulho, há pequenas coisas que deixam qualquer mulher rendida. Cheirei as camélias suavemente e depois abri o embrulho, deparando-me com um par de brincos em forma de estrela com cristais Swarovski. O verdadeiro amor também pode ser uma verdadeira pedra preciosa, aliás, a minha cara-metade era sem dúvida a maior pedra preciosa que podia ter conhecido. Aproximei-me dele roubei-lhe o beijo mais intenso.
— Gostaste do presente?
— Amei! Obrigada, são lindos.
— Fico feliz. Espero que possam simbolizar o quanto te amo.
Quase me desfiz em lágrimas. Emocionada, não perdi tempo e coloquei-os logo.
— Também te amo.
— Agora sim, és a estrela cadente mais perfeita.
Celebramos o amor noite dentro, tínhamos aquele terraço todo reservado só para nós. Já a noite ia longa quando nos sentamos no chão, embrulhados em mantas a desfrutar do pôr-do-sol, faltavam poucos minutos para as sete da manhã, a cidade acordava para mais um dia, enquanto eu continuava a saborear o melhor do amor. De repente, um barulho forte fez-se ouvir à nossa volta. Quando menos esperei surgiu uma pequena avioneta que aterrou junto de nós na minipista que se encontrava no topo do edifício onde nós estávamos. Despertou a minha atenção, uma singela frase escrita de um dos lados do aparelho:
Voas comigo, estrelinha?
Aceitei com um sorriso.
— Eu disse, não disse que iria ser a noite mais longa e indescritível da tua vida?
— E está mesmo a ser...
Envolvidos naquela aura pura de amor, assistimos ao amanhecer e voamos céu adentro.
— Espero que o nosso amor seja sempre interminável como o céu e possa voar para sempre em queda livre.
E foi assim que do nada nos lançamos sobre o mundo, feitos de amor, sem tempo, nunca hei de esquecer este dia, o dia em que o nosso amor se balançou em queda livre, para ficar para sempre.
E vocês também amam em queda livre? Sem nada a temer e sem nada a esconder.
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Manuscrito - Histórias que podiam ser a tua história
غير روائيNeste livro compilo uma série de contos e histórias que fui escrevendo no meu blogue. Histórias sobre os mais diversos temas. Histórias que tocaram pessoas. Histórias que podiam ser a tua história.